domingo, 26 de agosto de 2012

A RAIVA MUDA VOCÊ E O MUNDO!

Estou muito triste hoje! Mas, também estou com muita raiva! Esses dois sentimentos amaldiçoados por muitas pessoas são minha força para ir em frente. Tenho aprendido muito com eles. São eles que me fazem produzir, escrever, agir. E depois que eles me movem, em ebulição, na construção das reflexões e soluções dos problemas, uma onda de alegria e regozijo me assaltam e eu sinto prazer, contentamento e um grande poder realizador. Quando eu era criança sentia dentro de mim o desejo de mudar o mundo! Hoje sei que o mundo não pode ser mudado sem que eu mude! Sei também que nenhum ser humano que convive comigo pode mudar sem que eu mude. E também aprendi que eu não posso mudar ninguém sem que a pessoa queira mudar. E compreendi que as pessoas mudam em comunhão umas com as outras. É verdade... Entendi que o nosso "doce e fraterno" mundo capitalista colonial nos ensinou a querer controlar as coisas, como se cada ser humano fosse somente um tubo de ensaio num laboratório. Assim, passamos a vida acreditando que valores e sentimentos seriam ingredientes desnecessários, pois, por serem fundamentalmente humanos, não caberiam na experiência controlada. Ah, que bom saber que não é assim! A cada momento a vida surpreende a cada um de nós, com uma dinâmica e movimentada crise. Sim! Crise! Há quem acredite que as crises são elementos perniciosos que nos fazem sofrer... Tenho aprendido que não, pelo contrário, elas nos fazem crescer. Mas, para isso é necessário entender o que elas representam. Exige reflexão, análise, uma profunda observação sobre o sentido de nossa presença na vida. As crises nos fortalecem para novas vivências, transformam nossas crenças e nos abrem os olhos para a eficácia dos resultados de nossas ações. Tenho sido instigada por várias crises em minha vida! Elas tem me obrigado a conhecer, observar e refletir, mantendo ou mudando meus pontos de vista e meu modus operandi. Triste ver tantas pessoas passando pela vida que apesar das crises não conseguem fazer isso, presas que estão numa Matrix Colonial que usando-as, faz delas cachorrinhos amestrados. Essas pessoas fazem e pensam as mesmas coisas todos os dias. O Sistema quer que elas continuem assim! Ainda assim, de geração em geração não há como pensarmos em mesmice. Cada geração tem tido suas crises e tem aprendido e mudado com elas. Avalio que a atual geração está passando pela maior crise de identidade e de valores da história da humanidade. Uma sacudida revolucionária que está desmoronando muros coloniais até então nunca mexidos. Salve a América Latina! O berço dos Incas, dos Maias, dos Guaranis estão acordando o mundo. E tomara que cada vez mais pessoas acordem do sono vampirizador imposto pela epistemologia colonial civilizatória. Que nós possamos aprender mais de nossa humanidade deixando de desprezar histórias, vivências, experiências e sentimentos em detrimento do pensamento único que até então vem dominando nossa subjetividade. Um novo mundo é possível? Todos nos perguntamos de vez em quando... Depende de nós, de nossas ações hoje! Então, exija mais de sua tristeza e de sua raiva. A força delas está na qualidade com que usamos essas emoções em nossa vida! Use-as para mudar você mesmo e o seu cotidiano! Assim, mudaremos o mundo!

sábado, 11 de agosto de 2012

AO MEU PAI COM CARINHO!

Meu pai se estivesse entre nós iria fazer 87 anos. Vai fazer dois anos que ele morreu em outubro desse ano. Parece que foi ontem!  Meu pai era um homem cheio de problemas e contradições. Ele e minha mãe tiveram uma vida em comum esculpida num mar de hipocrisia. Não posso julgá-los. Fizeram o melhor que puderam num mundo que não lhes concedeu muitas oportunidades e lhes tolhiu as experiências. O que fazer diante de um sistema que estimula a mentira e a falsidade? Nosso sistema colonialista e capitalista sempre defendeu a hipocrisia e meus pais sofreram sua influência, como muitos de sua época. Mas, nessa véspera do dia dos pais me refiro a meu pai para me lembrar de coisas bonitas que aprendi na minha infância. Meu pai era um músico apaixonado pela música brasileira. Adorava chorinhos, sambas, valsas, marchas... Tocava violão, cavaquinho e bandolim, esse último foi o instrumento em que se notabilizou nos conjuntos que tocou. Ele me inspirava a cantar e cantei com ele algumas vezes em suas serestas. Ele ficava todo orgulhoso, mas, naquela época confesso que não dava tanto valor a isso. Eu gostava de cantar de tudo um pouco e cantar com ele não era tão interessante para mim, pois, as músicas que ele tocava não eram de minha geração! Eu era fã dos festivais e das músicas de Chico Buarque, Milton Nascimento, Elis Regina e muitos outros dessa época tão conturbada da história do Brasil. Durante as férias da escola vinha sempre para a casa de meus avós e brincava com minhas primas de Festival da Canção (uma imitação aos festivais da canção da época) e, sempre era intitulada a vencedora no final. Era engraçado! Tinhamos um gravador e gravávamos as canções, cada uma com sua interpretação. Eu mesma era a apresentadora, era a jurada e era uma das cantoras que disputava. Não tinha para ninguém!!! Meu avô de vez em quando dava um "pitaco" como julgador... As músicas dos festivais tomavam formas diferentes em nossas vozes de crianças apaixonadas e ingênuas. E meu pai sorria e me incentivava. Foi por causa do meu pai que fiz cinco anos de aulas de piano e cheguei a compor algumas músicas. Foi instigada por ele que atuei no teatro e nos show´s das várias escolas que frequentei. A arte entrou na minha vida, porque de uma certa forma tive bastante contato com ela através do meu pai. Depois, joguei tudo fora, na rebeldia de meus 15 anos, parei com a música, parei com o piano e fui viver minha vida, longe dele e de sua influência musical. Mas, a arte nunca saiu de dentro de mim. Nem havia como! O que ele estimulou já estava dentro de mim desde meu nascimento. Hoje, lembro desse período de minha vida com saudade. Penso no quanto aprendi nos últimos tempos, e o quanto ainda preciso aprender. Meu pai não foi um homem perfeito! Quem o é? Sua grande influência em meus dias hoje se expressam no meu amor pela arte, pela música, pela dança, pelo teatro... Obrigada papai, ainda que tardiamente pelas oportunidades que me deu de conhecer músicas, autores e danças. Obrigada! Amanhã, dia dos pais, ouvirei um chorinho de Jacob do bandolim e farei um minuto de silêncio por você e no final direi com orgulho: Wilson Pereira Deslandes, PRESENTE!