domingo, 23 de setembro de 2012

POR UMA JUSTIÇA COM JUSTEZA

Fiquei pensando em como esse título poderia provocar debates e reflexões sobre o assunto. Afinal, justeza não é a mesma coisa que justiça? Claro que não. No dicionário se você verificar o significado das duas palavras, verá que Justiça tem várias denominações: prática e exercício do que é de direito, conformidade com o direito, rectidão, poder judicial, lei penal, punição jurídica. Já Justeza está diretamente ligada ao que se faz na e da Justiça e tem os seguintes significados: qualidade do que é justo, exactidão, certeza, precisão, conveniência, propriedade. Assim, é importante que possamos pensar sobre a Justeza da Justiça, e o que tem sido feito pela Sociedade Civil e pelo Poder Judiciário para que a Justeza se faça sentir no cotidiano de todos nós. Tenho muitas experiências com a Justiça. Ao longo dos últimos 12 anos vi muitos trabalhadores e trabalhadoras precisando dela para solucionar problemas criados por seus empregadores e os resultados nem sempre foram satisfatórios. O poder de barganha do patrão em relação ao trabalhador passa pela visão colonialista dos magistrados que se acreditam "Deuses" das decisões. Assim, muitas provas são descartadas ou classificadas como não importantes em processos a favor dos trabalhadores. E muitos anos se passam sem que o trabalhador tenha garantias de que a justiça será feita para e por ele... Se isso acontece na Justiça Trabalhista, quiçá nas outras Justiças... É por isso, que não é surpresa quando o Supremo Tribunal Federal e seu Relator Joaquim Barbosa age da forma que vem agindo na Ação Penal 470, que por obra da mídia golpista desse país passou a ser chamada de "Mensalão".  Afinal, a crença de que são "Deuses" neles é superlativamente maior que nos outros juízes. Com a ajuda da imprensa fornecendo estímulos subjetivos à sua vaidade e disseminando sentimentos de aprovação coletiva à sua conduta como "Defensor da Moral e dos Bons Costumes" não haveria como não sucumbir. A defesa da Constituição Brasileira, a apreciação de provas sérias e contundentes, a consideração de no caso de dúvida inocentar os réus, não são maiores do que a oportunidade de ser glorificado como "Expoente Maior" da Justiça Brasileira, num processo que não é tão importante quanto outros, mas, que a Mídia valoriza como tal. Os brasileiros tem fome de Justiça, mas, a grande maioria sequer conhece seus direitos. Vários destes direitos são desrespeitados todos os dias pela própria Justiça! Muitos estão trancados nas prisões grotescas e desumanas desse país por crimes praticados por algozes, "autoridades" fascinadas por "apresentar serviço", forjando provas e situações. Se nem todos sabem, o preconceito deita suas raízes na falta de justiça. A grande maioria dos presos de nosso sistema penitenciário são pretos e pobres. Agora vemos aqueles que sempre defenderam essa parcela grande e injustiçada da população serem execrados pela mídia e o Judiciário se curvando a isso. Se o julgamento desse processo pode ter alguma qualidade, é essa, de evidenciar a egolatria dos Juízes e a consequente falta de Justeza da Justiça. Cabe a nós, da sociedade civil lutar para dar um basta a isso! A Justiça e todos seus funcionários públicos, inclusive os Magistrados de qualquer instância, devem estar a serviço do povo. Chega de protecionismo colonial! Precisamos de uma Justiça que seja justa de fato e a luta por ela deve permear nossas ações todos os dias. Chega de golpismos! Temos que ter uma Justiça de todas as cores no Brasil! Uma Justiça com Justeza!

domingo, 16 de setembro de 2012

OS INTERESSES DE CLASSE E O ÓDIO QUE SE CULTIVA

Parodiando nosso Presidente Lula,  nunca na história desse país tivemos um momento tão prodigioso para o estudo do evidenciamento do "ódio de classe". Não sei se todos já ouviram a mesma coisa que ouvi em minha infância, mas, acredito que essas frases tenham sido repetidas em vários lugares como um mantra colonial. "O Brasil é o coração do mundo! O Brasil é o celeiro do mundo! O povo brasileiro é solidário e cordato! O povo brasileiro é pacífico! Aqui no Brasil não existem conflitos de classe!" Seria ótimo se fosse verdade! Quem teve a oportunidade de estudar e pesquisar a história social e política de nosso país, sabe que essas frases eram repetidas para manter a colonialidade do poder preservada, fora do alcance do povo. A história violenta e sofrida do povo brasileiro só veio à tona a partir de 2003, quando mudanças de rumo foram empreendidas pelo PT e pelo Governo Lula à frente do país. Foi ali que houve um divisor de águas! A esperança venceu o medo de fato! E o que se viu foi a implantação gradual de um novo projeto para o país. O PT chegou ao Governo e conseguiu fazer muitas coisas pelo povo, ainda que, reconhecidamente, não tenha conseguido mudar o sistema político que funciona de forma corrompida e atendendo aos interesses coloniais das elites desde que o Brasil foi invadido por Portugal. E foi a partir daí que se pode evidenciar as diferenças de classes. Foi a partir daí que se pode perceber que, na verdade, os interesses da classe dominante até então eram muito mais fortes do que ela queria demonstrar. Foi aí que caiu a sua máscara definitamente. Lula e o PT também conseguiram isso. Tirar a máscara da elite e tirar os véus que encobriam os olhos do povo a respeito de seus direitos e suas possibilidades enquanto cidadãos. É claro que isso não poderia ficar impune aos olhos deles. Como permitir que mulheres, negros, homossexuais, tenham direitos? Como suportar a revelação de que no Brasil tem racismo, tem machismo, tem corrupção, tem violência, tem desigualdade de classes, desmascarando o que eles sempre afirmaram? Como aguentar as evidências de que eles encobriram tudo isso e foram diretamente responsáveis pela manutenção desse estado de coisas na sociedade brasileira? Os anos de ditadura militar foram responsáveis em manter nossa subjetividade escrava do colonialismo eurocentrista e FHC cultuou isso aos extremos, tirando de nós tudo que tinhamos construído a duras penas. Sempre pensamos que nossa civilização se apoiava no que vem de fora. Aí, o PT chegou ao Governo e Lula diz que nós podemos mais, passando a dar lições de civilidade e democracia ao mundo! Dilma, sua sucessora, começa a construir um Governo de liderança onde o Brasil é exemplo! Todos os três governos desde 2003 voltados específicamente para o povo. O que a classe dominante poderia fazer? Criar intrigas, fofocas, disse me disse, espalhar boatos, disseminar calúnias, mentiras, provocar dissensões e divisões, comprar pessoas a peso de poder e dinheiro, usar todos os subterfúgios possíveis para ganhar adesão ao seu projeto de poder. Buscar dentro das instituições da sociedade civil, de uma forma geral, pessoas ingênuas, pessoas fracas politicamente, pessoas interessadas em projetos pessoais acima dos interesses coletivos, para poder defender seu projeto. Derrubar a liderança do PT e alijá-la do poder para poder continuar perpetuando as condições que até 2002 se mantinham. Assim, estamos vendo esse ódio de classe ser cultivado. Nas ruas, nas instituições, nos lares, nas redes sociais. Muitos cegos e surdos pela matrix colonial desenvolvida pela elite que quer preservar seus interesses, vociferando, xingando, violentando, massacrando quem quer esclarecer os fatos, dialogar e informar sobre a realidade. Tudo isso com a ajuda sempre presente da mídia golpista, que sempre esteve ao lado deles. A verdadeira face da classe dominante está exposta na sociedade e cabe a nós expô-la cada vez mais. Chegou a hora! Não podemos deixar que isso se dissemine. O Governo Dilma precisa intervir nesse estado de coisas. O PT chegou ao Governo! Precisa agora ter definitivamente o poder de construir uma nova realidade para o nosso Brasil!

domingo, 2 de setembro de 2012

POLÍTICA, AMOR E REVOLUÇÃO

Pela primeira vez, depois de 51 anos de existência nesse mundo, desde sexta-feira estou sozinha em casa, sem a presença de filhos, netos, mãe, pai ou qualquer pessoa que tenha feito parte de minha vida todo esse tempo. Confesso, que tive um pouco de receio de como iria reagir... Ao longo dos anos minha vida sempre foi povoada de gente, as inúmeras gentes que fizeram parte do meu mundo... Um dia ainda escrevo sobre as histórias dessas gentes... Sim, durante 18 anos a casa onde morei em São Gonçalo/RJ vivia sempre cheia de pessoas, ora procurando abrigo para comer e dormir, ora querendo uma solução para seus problemas, ora buscando trabalho ou uma palavra amiga... Não tinha tempo para mim! Tinha que trabalhar, cuidar de quatro filhos, fazer faculdade, administrar o trabalho comunitário que eu e meu ex-companheiro fazíamos e isso trazia várias preocupações, ocupações e problemas. Tínhamos sonhos e os nossos sonhos atravessavam os sonhos de outras pessoas. Nossa casa era um entre e sai constante de crianças, jovens e mães exploradas e sofridas da comunidade. Meus filhos faziam parte disso, assistiam a tudo e ajudavam como podiam, na sua inocência infantil. É claro que isso contribuiu com sua educação de alguma forma. Naquele tempo eu não tinha tempo para pensar sobre aquelas experiências. Minha ida para a faculdade, acredito, foi, talvez, para preencher essa lacuna. E foi refletindo sobre isso que chego até o meu momento de hoje. A solidão de minha alma me transporta para além desse tempo! Consigo ver que toda minha trajetória até aqui continua se fazendo pelo sonho político de transformar o mundo, a realidade, a vida das pessoas... Agora com outro arcabouço de idéias e conhecimentos. Se antes tinha medo da solidão, agora ela está comigo! E ela não é bicho feio não! É necessária e importante para que possamos refletir e apreender a realidade e fazer de nossa prática, práxis. Temos que ter tempo para isso! Assim como temos que ter tempo para dançar, ouvir música, ler, brincar, namorar... O amor é uma força revolucionária que revigora, refrigera, energiza, dá força e poder. Quando Paulo Freire disse sua antológica frase: "Os homens aprendem em comunhão" ele se referia a amorosidade desse momento, único, verdadeiramente humano, de conexão das almas entre si. O verdadeiro revolucionário tem muito amor dentro de si e é essa força que, apesar de todos os impecilhos, agruras e até mesmo a solidão que possa ter em seu trabalho revolucionário o faz ir em frente. Minha solidão está me possibilitando coisas que antes não tinha... Apesar do meu estranhamento num primeiro momento, ela fez por mim algo que ninguém poderia fazer, me colocou de frente comigo mesma! Assim, pude ter a certeza maior do meu amor pela vida, pelo parceiro carinhoso e admirável que tenho hoje, pelo trabalho político e pelas diversas gentes que atravessam meu caminho e que ainda atravessarão, além dos meus filhos e netos. Política e revolução não se fazem sem amor! Hoje tenho certeza disso! Estou só e muito bem acompanhada!