quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

QUE 2013 SE VÁ E 2014 VENHA COM TODAS AS SUAS LUTAS...

Fiquei pensando se deveria escrever antes de terminar o ano para dizer alguma coisa sobre o que aconteceu em 2013 e desejar coisas para 2014... É isso que as pessoas fazem quando termina um ano e começa outro? Para que serve tanta festa, tantos fogos, tanta comemoração? Na verdade um ano que termina pede reflexão e maturidade para entendermos o caminho que percorremos e que podemos ou não continuar trilhando. O que fizemos que não deu certo? Onde erramos? Que atitudes tomamos que nos fizeram acertar? E o que podemos fazer para que o novo ano que se inicia seja de fato melhor? Me fiz essas perguntas. Anotei algumas coisas em meu caderninho de reflexões. Todo mundo deveria ter um. Anotar tudinho no final de um ano e início do outro e durante o ano rever, refazer passos, mudar o que tiver que ser mudado, refletir de novo, agindo sempre perseguindo o melhor. Apesar de ter chegado até aqui com algumas alegrias e muitas tarefas cumpridas conforme planejado, não posso dizer que o ano de 2013 foi um bom ano. No sindicato, fizemos muitos acordos e convenções boas em relação a outros sindicatos, mas tivemos também algumas perdas, e mais do que nunca, nos convencemos que precisamos fazer muito mais trabalho de base. Aliás, a tônica desse artigo retrata o que penso sobre isso. Tanto no sindicato como nos partidos, o que falta é trabalho de base. A consciência política não acontece de uma hora para outra. É preciso muito trabalho educativo. É prioritário entendermos que nossos trabalhadores e trabalhadoras precisam de formação política e isso não pode acontecer sem um bom trabalho de base. Se algo me impressionou nesse ano que está acabando foi a constatação inequívoca de que vivemos ainda num Brasil onde a elite dominante é egoísta, racista, discriminadora, violenta e agressiva. Dez anos de governo do PT bastou para que o conservadorismo reinante ficasse totalmente explícito e viesse a tona com toda força contra mudanças absolutamente necessárias para o nosso país. Nesses dez anos de governo tivemos muitos avanços! Mas, não há como nos contentarmos com o que foi conseguido até agora. É preciso avançar e muito! Acredito que poderíamos ter avançado em muitas coisas que não conseguimos ainda pela ingenuidade de alguns e pela omissão de outros. Por mais que alguns digam que não, colocando a culpa na governabilidade pela demora em fazer as reformas necessárias ao Estado brasileiro, penso que, não avançamos por que a direita foi mais competente e percebeu a falta de união das esquerdas brasileiras. Percebeu também, que uma parcela dessa esquerda passou a se preocupar pragmaticamente com as eleições e passou a negligenciar o trabalho de base nos sindicatos e nos movimentos sociais como um todo. Foi dessa forma que a direita conseguiu tempo e condições para montar a maior farsa judiciária já vista nesse país. Com a acusação, julgamento e condenação das maiores lideranças do PT na AP 470, promovida com requintes de maldade desde 2005 através de um conluio entre as forças conservadoras que habitam o STF, a mídia corrupta e alguns partidos que são representantes deles, o PT e todas as esquerdas foram atingidas em cheio, embora, algumas ainda acreditem que nada disso tem a ver com elas... Zé Dirceu era o cérebro que a direita queria abater. Para a direita não importava quem estivesse no caminho, desde que pudessem acabar com a influência de Dirceu no Governo, no partido e na articulação das esquerdas. A prisão dele junto com outros companheiros que culminou nesse ano de 2013 foi o espectro que faltava para acordar algumas pessoas que dormiam achando que nada disso iria afetá-las. Pena isso ter acontecido só agora. O grande problema das esquerdas é que elas gastam uma energia enorme com os dissensos ao invés de promoverem os consensos, e se esquecem que nosso país se erigiu em bases colonialistas e escravistas que mesmo com os dez anos de governo que mudou algumas prioridades, as estruturas de poder se mantiveram. São estruturas corporativas muito fortes que estão no mundo todo há muito tempo. Por outro lado, a formação cultural de um povo não se muda em uma geração. O trabalho de base é essencial e faz toda a diferença. Não é todo mundo que tem que ser dirigente de partido e nem todo mundo tem que ser candidato a cargo eletivo. Um projeto funciona se cada um tiver fazendo a sua parte no processo, sem egos inflados que acham que podem tudo. A formação política precisa ser feita junto com os trabalhadores e trabalhadoras pelos dirigentes dos sindicatos. Para que serve o sindicato? Somente para fazer acordos e convenções? Isso não muda as estruturas sociais. Dirigente sindical precisa fazer trabalho de base. O dirigente partidário por sua vez, precisa estar junto às suas bases políticas, não apenas nas eleições, mas, trabalhando o tempo todo junto com elas. Os militantes sociais precisam trabalhar em suas bases, construindo junto com a população a participação e o debate político. O PT precisa voltar a fazer o que sempre soube fazer. Trabalho de base. Insisto! Muito trabalho de base! O próximo ano promete vir com muitas mentiras, golpes e manipulações. A direita vai investir tudo para atrapalhar o projeto de país que está sendo desenvolvido.Temos que aproveitar o tempo, pois estamos atrasados e fazer muito trabalho de base! Colocar mãos a obra! Fazer o debate! Debate político mostrando as obras, ações, as mentiras da direita e o que se pode fazer com uma base melhor de governadores, deputados e senadores. Temos que mostrar que faz diferença a participação do povo junto ao políticos que elegem. Que eles podem, merecem e conseguem participar. Mostrar também à população quem hoje faz parte da justiça desse país. Eles vão entender muito bem, pois, a maioria deles sofre injustiças, são menosprezados, discriminados pelo Judiciário, pela PM, pelo MP e por muitos outros entes desse sistema corrupto que assola todos nós. Se não temos a mídia, temos as redes sociais, temos jornais, revistas e panfletos e temos boca para falar e mostrar a verdade, que está do nosso lado. Dirceu, Genoíno e Delúbio não estão presos e sofrendo injustiças em vão! Eles estão nos mostrando o caminho de volta que precisamos trilhar. Vamos à luta e por ela venceremos! Que 2014 venha logo e traga com ele todas as tempestades! Enfrentaremos todas com o povo do nosso lado!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

DESENVOLVIMENTO URBANO - ENTRE O ATRASO E A URGÊNCIA

Ontem vi um punhado de gente reclamando do governo municipal e estadual com relação as chuvas que trouxeram os problemas e as tragédias de sempre às várias cidades do estado do Rio de Janeiro. Não é de hoje que convivemos com isso e as pessoas sofrem e tem o direito de ficar indignadas com a falta de solução para problemas tão recorrentes... Vi uma foto antiga de uma enchente ocorrida por volta dos anos 30 e a foto, pasmem, guarda muita relação com as fotos que vi agora. É como se tudo fosse igual. Como se nada tivesse mudado. Mas, mudou. E o que faz ainda essas coisas acontecerem? O descaso dos políticos como a nossa corrupta imprensa com o intuito de desmoralizar o processo político propala a quatro ventos? Não é tão simples assim o processo de desenvolvimento. Quem conhece um pouco de história e verifica o que foram os últimos quarenta anos no Brasil, antes dos Governos do PT, verá que em termos de desenvolvimento urbano, poucas coisas mudaram. Esses dias para sair de Duque de Caxias onde havia realizado várias assembleias com trabalhadores da região e precisando chegar rapidamente a uma reunião no centro do Rio de Janeiro utilizei o trem da Supervia e fiquei impressionada com o que vi. Trem sem ar condicionado, completamente abandonado, com bancos quebrados e sem conforto algum para as pessoas. O horário que eu utilizei foi depois das 8 horas da manhã. Fiquei me perguntando como seria no horário de tráfego intenso, quando todas as pessoas estão indo para o trabalho, de cinco horas da manhã até sete horas. Me lembrei de cenas que eu vi aqui na internet e na TV. Pessoas correndo perigo fora do trem, um amontoado de gente parecendo gado indo para o matadouro. O problema de mobilidade urbana que temos hoje em dia nas grandes cidades chegou à calamidade que temos por desleixo e falta de prioridade dos governos antes do PT. As chuvas que causam tragédias a grandes ou pequenas cidades tem inúmeras causas, simples e complexas, que precisam ser estudadas com seriedade e solucionadas. A grande questão é que todos os governos que vieram após o período da democratização foram colonialistas e nunca se preocuparam com as prioridades do povo, mas, apenas com seus próprios interesses capitalistas. Os anos 90 então foram pródigos em se vender para a população a ideia de que tudo deveria ser privatizado para dar certo. FHC seguiu a risca várias cartilhas neoliberais e vendeu várias empresas que estavam nas mãos do Estado e que seriam molas mestras propulsoras de desenvolvimento de nossa infraestrutura se não tivessem sido vendidas a preço de banana como foram, tornando-se corporações movidas somente a lucro sem função social nenhuma. A Vale do Rio Doce foi uma delas. Foi Lula quem mudou o jogo e priorizou os pobres que nunca tiveram vez no país privilegiando algumas áreas de desenvolvimento. Tirou o país da mesmice de sempre. Colocou o Brasil num novo rumo. Não dava para fazer tudo de uma vez só. Era preciso dar atenção ao que nunca tinha sido priorizado. Lula pegou um país endividado, sem dinheiro para investimentos, e criou condições para que pudéssemos ver o que estamos vendo agora. O Brasil inteiro sendo cortado por obras e obras de infraestrutura. Quem viveu na década de 70 e 80 como eu, fica pasmo vendo a quantidade de obras sendo realizadas em tantos lugares diferentes. Todas essas obras são prioridades para o povo? Depende do governante da cidade ou do estado... O Governo Federal tem subsidiado a maior parte de tudo isso, mas, a decisão é regional e local. Fico imaginando quanto tempo perdemos e como são urgentes as necessidades que temos. A urbanização das cidades no Brasil nunca levou em conta a população em si. Tudo que se construiu se baseou nas necessidades e interesses da elite brasileira. Foi assim até 2002. Mobilidade urbana? Para que? Para quem? Quem precisa de trens, ônibus, metrôs ou barcas? Quem mais sofre com as enchentes e falta de saneamento básico? Quem, de fato, precisa de parques, escolas, saúde pública de qualidade? E quem se importa se a população não tem essas coisas? Quem se importa se não temos uma polícia cidadã que priorize a segurança e não o terrorismo? Quem é responsável pelas deficiências e discriminações de sempre? As eleições de 2014 são importantíssimas para continuarmos no rumo dessas mudanças de prioridades. Todos nós queremos que esse atraso de tantos anos seja priorizado agora nas ações de nossos governadores, deputados e senadores, além, é claro da própria presidente da república. Não queremos mais ser tratados como sem importância, pois, somos muitos! Somos muitos trabalhadores e trabalhadoras espalhados por esse país. É preciso dar sentido de urgência ao desenvolvimento das nossas cidades e queremos participar disso com força e vontade. Para isso temos que colocar em prática a ideia do orçamento participativo, para que os governantes de fato se comprometam com aquilo que queremos. Mas, um alerta! Se continuarmos a votar em empresários, ruralistas e religiosos moralistas vai ficar difícil fazer isso acontecer. Assim, que façamos a nossa parte, para não termos que reclamar depois...

sábado, 30 de novembro de 2013

O GOLPE DA CULPA QUE O PT ASSUMIU... E ACORDOU!

Estava eu lendo e relendo esses dias as reportagens e notícias sobre o julgamento da AP 470 e as palavras de Pizzolato numa das únicas vezes em que pudemos ouvir o que ele tinha a dizer ressoaram em meus ouvidos como algo maior: "Não assumam uma culpa que o PT não teve!" Profunda frase! Lúcida e sincera frase, de alguém que estava sendo julgado por algo que não tinha feito, ciente da luta necessária contra a  injustiça, o julgamento midiático e a trama soturna e golpista que estavam armando contra o Partido dos Trabalhadores. Trabalhou, num primeiro momento, acreditando que poderia haver justiça, embasado por todos os documentos e dados existentes na AP 470. Todos que conheceram Pizzolato sabem o quanto ele sofria, o quanto se indignava e a tristeza que nunca saiu de seus olhos quando falava do assunto. Mas, poucos, entenderam o que essas palavras queriam dizer... O grande problema desse julgamento, para além de tudo que já expusemos, infelizmente, pois, fez diferença, foi o fato de vários petistas terem assumido para si a culpa e terem acreditado, por conta de revanchismos políticos e diferenças pessoais e partidárias que suas lideranças eram responsáveis, de fato, pelo que a oposição junto com a mídia veio a apelidar de "Mensalão". Que a mídia e a oposição quisessem ferir de morte o PT nunca foi novidade. Mas, que militantes e lideranças do PT com divergências políticas com José Dirceu fossem massa de manobra para isso, não se podia acreditar. A verdade, é que o projeto político do PT que inseriu e deu voz a milhões de pessoas na sociedade brasileira fez com que as elites que sempre estiveram a frente no comando do país destilassem seu ódio de classe e revigorassem seus planos golpistas. O Judiciário brasileiro sempre existiu para beneficiar os mais privilegiados. Basta ler um pouco de história do Brasil e você contará nos dedos a justiça real que foi feita através do Judiciário. As carreiras de médico e advogado são as mais antigas no Brasil, que surgiram dentro da elite e, assim, não se poderia esperar dessas corporações nada diferente do que uma aliança com os mais ricos. Tanto Lula quanto Dilma não se preocuparam com Judiciário brasileiro e não investigaram a fundo as relações promíscuas entre mídia e judiciário. Deu no que deu... O golpismo seguro de pessoas que queriam manchar o partido. Atacando Zé Dirceu conseguiram atingir o partido, fazendo com que muitos petistas se acabrunhassem e tivessem vergonha enquanto outros, que discordavam das posições de Dirceu se aproveitaram para assumir a culpa que a oposição lhes impunha e forçar uma mudança de rumos no PT, uma mudança que os contemplasse com suas posições. Foram poucos a considerar que o PT não poderia se curvar à culpa imposta pela mídia e pela oposição. Poucos continuaram lutando! Poucos perceberam que essa culpa poderia atingir o projeto político, como atingiu. Entre eles Pizzolato! O Bode Expiatório de todas as culpas. Foi acusado de traidor por aqueles que eram do grupo de Gushiken sem ter feito nada para isso a não ser dizer a verdade. Foi o pivô usado pelo judiciário para acusar todos os outros, numa trama, onde todos os documentos e depoimentos dos autos diziam ao contrário, afirmavam sua inocência. Joaquim Barbosa o acusou de todos os crimes que pôde, para dar mais autenticidade à mentira que foi o julgamento da AP 470. Ironia do destino, o mesmo Pizzolato que afirmou que o PT não podia assumir a culpa pela farsa que foi o processo, assumiu sozinho a melhor chance que o PT tem de mostrar as maracutaias que envolveram essa ação penal, na Itália. Depois de mais mais de oito anos de cantilena da mídia comprada pela oposição fica muito mais difícil mostrar o que aconteceu e mudar as cabeças. O PT perdeu um tempo precioso assumindo a culpa que seus adversários lhe imputaram. O saldo nada positivo: Gushiken morto, Genoíno doente e Delúbio e Zé Dirceu privados da liberdade e o PT acusado de ser igual aos outros partidos por muitas pessoas. Que análise de conjuntura mais besta foi essa que permitiu que essas coisas acontecessem? Faço parte daqueles que há alguns anos milita no partido denunciando a farsa que foi esse julgamento! Eu e muitos desses que insistimos na inocência dos réus porque acompanhamos de perto o assunto fomos tachados de muitas coisas... Parece que o partido agora acordou! Que bom! Apesar das baixas que não precisavam acontecer, antes tarde do que nunca! Que o golpe da culpa que a mídia corrompida e o judiciário tentaram nos imputar não seja mais assumido por nós! Por nenhum de nós! E que muitos na sociedade que acreditaram nessa farsa também se juntem a nós e lutemos todos por justiça e pela revisão desse julgamento inescrupuloso. 

sábado, 23 de novembro de 2013

A SÍNDROME DO BODE NA SALA

A justa e correta indignação causada pelas irregularidades nas prisões de parte dos réus condenados pelo STF, no julgamento da Ação Penal 470, tornou-se notícia geral e mote de mobilização de muitos dos que não se conformam com o desenrolar dos fatos.
A data conveniente escolhida por Joaquim Barbosa para expedir os primeiros mandados de prisão antes de o julgamento se encerrar, em decisão monocrática, como tanto gosta o presidente do STF, e a sabida prévia notificação aos tradicionais veículos de comunicação, sugerem a intenção de mais um show midiático, como tantos outros acontecidos durante todo esse desenrolar.
O espetáculo do transporte dos detidos, de várias cidades para Brasília, que muitas autoridades condenaram, classificando-o como desnecessário, quando não como completamente irregular, tanto quanto o desprezo pelo estado de saúde de ao menos um deles, e a pressa no confinamento em presídio simbolicamente afamado, compôs parte importante do roteiro.
Para que tudo funcionasse a contento foi necessário que o ministro Joaquim Barbosa cometesse mais um abuso e uma irregularidade ao ignorar a necessidade de fazer tramitar o processo das prisões por um juiz de execuções.
Esse conjunto de coisas só podia resultar em indignação expressiva e manifestações pontuais, mas significativas.
Mas, na próxima semana, quando provavelmente as prisões serão regularizadas e José Genoíno transferido para tratamento de saúde em casa, cumprindo prisão domiciliar, os motivos para toda a indignação estarão removidos e cantaremos a vitória da democracia na luta contra o arbítrio? Satisfeitos com o resultado da luta? Felizes e contemplativos?
Ora, assim sendo teremos caído no golpe do bode na sala. Para quem não sabe, ou não lembra, é a estorinha da casa na qual todos, com muitos justos motivos, reclamavam das condições de vida e em cuja sala num belo dia apareceu um bode. O cheiro do bode, de suas fezes e urina, óbvio, em poucos dias passou a ser o centro dos lamentos e das reclamações. Até que o bode desaparecesse da sala e a vida parecesse maravilhosa, risonha, com todos os problemas resolvidos.
Para evitar o golpe do bode, é necessário que nos lembremos que a principal das muitas irregularidades praticadas por Joaquim Barbosa não está no conjunto de coisas relacionadas à execução das prisões, mas, isso sim, no julgamento!
Para homologar uma condenação resolvida pelas tradicionais organizações de comunicação do país desde 2006, como lhe foi encomendado, o relator da ação penal, Joaquim Barbosa, precedido pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, precisou providenciar um conjunto de ações, entre as quais relato algumas.
Primeiro, acolher o julgamento no STF de todos os trinta e nove réus do processo, quando apenas três tinham direito a foro privilegiado e, portanto, deveriam ser julgados ali, recusando a distribuição para a primeira instância, o que daria à maioria dos réus o direito ao duplo julgamento.
Segundo, tratando de esconder provas que beneficiavam os réus, colocando-as em outro processo e determinando que corresse em segredo de justiça, e recusando argumentos dos advogados de defesa que muito claramente demonstravam que a tese de desvio de dinheiro público, pilar central da acusação, era descabida.
Terceiro, utilizando a teoria do domínio do fato de forma completamente equivocada, a ponto de a maior autoridade mundial no assunto, o alemão Klaus Roxin, haver desautorizado a interpretação que o tribunal adotou – vai entrar para a história dos equívocos notáveis a ministra Rosa Weber dizendo “eu sei que não tenho provas cabais da culpa de José Dirceu, mas a literatura jurídica me autoriza a condená-lo”.
Tais fatos, irrecusáveis mesmo pelos que desejam as condenações e pelos que necessitam desesperadamente delas, no processo de disputa de projetos políticos diametralmente opostos, bastam para que se exija a anulação do referido julgamento.
Curiosamente, a fuga de um dos réus condenados para a Itália poderá provocar novo exame do conjunto das provas num ambiente sem pressões ou encomendas políticas, no qual a apreciação dos autos seja apenas técnica e despida de outros interesses, e o julgamento já procedido completamente desmoralizado.
Se não nos detivermos nisso, e a isso nos dedicarmos, teremos caído no golpe do bode. Retirem-no da sala, regularizando as espetaculares primeiras prisões e nos acalmaremos.
Pela anulação do julgamento da Ação Penal 470, já!


Texto original publicado no Blog do Bepe: http://blogdobepe.blogspot.com.br/2013/11/a-sindrome-do-bode-na-sala.html  escrito por José Antonio Garcia Lima (Secretário de Finanças na CUT-RJ)

domingo, 17 de novembro de 2013

A PIOR INJUSTIÇA É A DA JUSTIÇA (JOSÉ DIRCEU)

Aqueles que me conhecem de fato sabem que minha vida nunca foi fácil. Poderia ter sido, mas, não foi. Escolhi caminhos que muitos dos meus não escolheram porque desde pequena sempre acreditei em alguns valores que me acompanham sempre: justiça, solidariedade, igualdade, democracia. Me lembro nitidamente do quanto esses valores foram ressaltados na educação de meus filhos... Minha casa em São Gonçalo sempre esteve aberta a todos da comunidade. Nunca trancamos nossa porta, nem mesmo à noite. Para ilustrar isso quero lembrar um episódio onde uma pessoa da família chegou em nossa casa, num final de semana, abriu a porta e entrou e verificou que meus quatro filhos estavam em casa brincando sozinhos na sala. Eu tinha ido à padaria. Ela aproveitou logo para beijá-los e abraça-los e dar a eles uma caixa de bombons que trouxera consigo. Ficou admirada por encontra-los sozinhos e imaginou que quando eles vissem a caixa de bombons abririam rapidamente e comeriam tudo. Ledo engano! Deixaram a caixa fechada e argumentaram com ela. Deixe a mamãe e o papai chegarem para a gente dividir! Aqui em casa tudo é dividido... É injusto a gente comer tudo! E assim aconteceu. E por que conto isso? Somente para ilustrar para alguns que acham que me conhecem... Por que me tornei sindicalista? Vi e passei por vários momentos de injustiça. Assim, não há porque ficarem assustados ou perplexos com a minha defesa aos condenados dessa farsa jurídica que se tornou a AP 470. Nada na minha vida foi por acaso. Foram escolhas! Nem sempre as melhores para mim, mas, assumidas, e todas, absolutamente todas elas se deram em cima dos valores que mencionei acima. Justiça para mim é um "bem inalienável". Jamais vou compactuar com Injustiça. O processo da AP 470 que a mídia classificou como "Mensalão" para poder passar a ideia de propina paga a deputados possui erros jurídicos do começo ao fim. Quem diz isso são vários juristas de diversas tendências ideológicas. Não sou só eu... A mídia aproveitou-se de Roberto Jefferson, um corrupto de primeira, e sua sede de vingança. Dirceu havia dito a Bob Jefferson que "o PT é um partido que não rouba e não deixa roubar!"  como resposta a algumas benesses que ele pediu. Dirceu havia mexido com a mídia distribuindo a publicidade legal do Governo para vários veículos. A mídia corporativa logo entendeu o que Dirceu representava, a ruína dos seus interesses mercantilistas e de poder. Não queriam de jeito nenhum que José Dirceu tivesse os louros pelos muitos dos projetos que estava ajudando Lula a construir. Era preocupante! O próximo candidato a presidente da república poderia ser Dirceu. Era preciso destruir o Governo Lula, o PT e colocar toda a "corja" porta afora... Foi então que Bob Jefferson foi chamado para, em nome de sua vingança, colaborar com a farsa. Aproveitaram do verdadeiro mensalão, o do PSDB, de Azeredo que foi denunciado em 1998 com provas contundentes contra políticos do PSDB, DEM e outros, e armaram a peça jurídica. Bob Jefferson denunciou Dirceu e essa foi a única prova que existia contra ele. Assim, por saberem frágil a acusação tinham que encontrar alguém que pudesse ser o bode expiatório para criminalizar todas as lideranças do Governo e chegar em Lula e no PT. Usaram Pizzolato dizendo que ele era responsável pela prorrogação do contrato com a empresa DNA de Marcos Valério para dar dinheiro para o PT comprar deputados. Como eles conheciam bem o esquema, por experiência própria, usaram e abusaram disso para engendrar através dos dois PGR´s Antonio Fernando e Roberto Gurgel junto com o ex-procurador do MP que virou juiz do STF Joaquim Barbosa a falsa tese de venda de votos. Construíram o pilar da tese condenatória e fatiaram o processo para poder colocar 40 réus de forma ilegal (numa alusão nojenta a Ali Babá e os 40 ladrões) para serem julgados no STF tirando deles a condição de passarem por todas as instâncias judiciais (duplo grau de jurisdição). Apesar de todas essas ilegalidades, os réus acreditaram que teriam um julgamento justo. Apresentaram todas as provas da inocência. Documentos que provam que Pizzolato não assinou nenhuma prorrogação de contrato com a DNA, milhares de documentos e depoimentos de pessoas que atestam que o fundo Visanet (privado) patrocinou eventos com a sua marca junto com a marca do Banco do Brasil e pagou por isso à Globo e outras concessionárias que prestaram serviços de publicidade dessas marcas. Muitos desses eventos nós vimos acontecer, tais como patrocínio dos jogos de vôlei, natação, eventos sertanejos, festas de ano novo no Rio e até, pasmem, um seminário jurídico com a presença de milhares de juízes, entre eles Joaquim Barbosa. Já viram tamanha canalhice? As defesas dos réus apontaram tudo isso e viram um a um de seus milhares de argumentos serem ignorados e manipulados pelos juízes do STF. Muito tarde foram entender que não se tratava de um processo jurídico normal, mas sim uma trama política muito bem engendrada e articulada. Tudo isso vem sendo exposto e denunciado na internet há alguns anos, mas, durante oito anos a sociedade foi exposta de forma torpe a uma campanha midiática em jornais, revistas e TV para emporcalhar a reputação de todos esses companheiros. Vários apelidos foram criados para deixar a trama mais robusta (o termo PTralhas, por exemplo). A falácia de pseudo-jornalistas atrelados a ideologia mercantilista e colonialista de seus patrões covardes. Lula só foi poupado por que esses companheiros se imolaram pelo projeto de governo que estava sendo construído. Alguém em sã consciência poderia imaginar que eu, sabendo de tudo isso, poderia ficar calada? Fiquei e estou indignada e revoltada! E pensar que muitos companheiros de luta sindical ainda são tão ingênuos, influenciáveis e preconceituosos com a política partidária e se apegam as estruturas que vivem sem conhecer ou viver as lutas reais e verdadeiras da sociedade. Só pensam em negociação de acordos e convenções coletivas o ano todo. A luta da classe trabalhadora no Brasil não pode prescindir da luta política que é muito mais ativa do que passiva. É nela que construímos a força para a mudança na sociedade. Conclamo a todos que sejamos mais companheiros de uma vez por todas. A INJUSTIÇA que se faz a um ou mais companheiros é a INJUSTIÇA que poderá ser feita com todos. Não se iludam! Estamos todos no mesmo barco... Mais uma vez a escolha, comandar o barco ou naufragar. Como sempre fiz a minha escolha! Estou do lado da JUSTIÇA! Quero Pizzolato, Delúbio, Genoíno e Dirceu livres! Como quero toda a classe trabalhadora desse Brasil sendo tratada com respeito. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O VIRTUAL E O REAL E A NOSSA CATARSE COTIDIANA

Não é de hoje que venho observando os movimentos e atitudes de muitos de nós nas redes sociais. Digo "nós" porque eu também me incluo nisso. Tento refletir sempre sobre o meu papel na sociedade e quando reflito sobre o meu papel invariavelmente reflito sobre o papel das pessoas com quem milito e convivo. Não deixamos de ser o que somos quando acessamos uma rede social. Todas nossas carências, preconceitos, crenças, limitações e qualidades de uma forma ou de outra são expostas nas redes queiramos ou não. Alguns de nós pensam que podem mascarar ou esconder suas idiossincrasias atrás da tela de um computador, mas, o que compartilham, como e de que forma compartilham, o que comentam e curtem denuncia o que vai dentro de si. Confesso que tenho andado um tanto cansada do que tenho visto. A novidade de um primeiro momento quando a gente verifica o grande potencial comunicativo das redes e quer a todo custo espalhar a verdade e compartilhar a realidade já esgotou um pouco em mim. Atualmente observo os "olhos", os "ouvidos" e os "sentidos" que a virtualidade da rede tem instigado em muitos de nós e volta e meia me assusto, me entristeço e me rebelo com o que vejo. Independentemente do que, enquanto militantes conseguimos fazer como ação política determinada, compartilhando verdades no meio de tantas mentiras, enganações, mascaramentos e falsas notícias criadas para atacar a esquerda e principalmente, o Partido dos Trabalhadores. Tenho muitas dúvidas sobre o momento que estamos vivendo. Ainda bem que as tenho, pois, certezas cristalizadas não fazem bem a saúde. Muitos se espantam da pancadaria e violência nas ruas. Por que se espantam? O que temos visto nas redes sociais é o espelho e o estopim do que vemos nas ruas. O ódio de classe, a intolerância para com o debate, a falta de vontade para a reflexão, o preconceito com o novo, a discriminação com a experiência reflete a cultura violenta que nos assola e as crenças coloniais que teimam em continuar se fazendo presentes em nossas mentes e corações. É como se vivêssemos em estado de extrema "catarse", bitolados ainda por uma formação medieval que não reconhece a diversidade, o pluralismo e a complexidade presentes nas diversas situações da vida cotidiana. Temos horror ao fundamentalismo religioso e político, mas, quantas vezes partimos para o ataque "demonizando" ou "santificando" pessoas porque elas não estão ao lado de nossos interesses... Como é fácil simplificar as questões e anular o debate! Como é simples dar ênfase ao que não funciona em detrimento do funcional! Tanta coisa mudou no Brasil para melhor... Mas, e nós? Estamos marcados ainda pelo opressor e oprimido que lutam dentro da gente, cada um puxando o tapete do outro. Quando vamos expulsar os dois tendo coragem para assumir o que somos sem a máscara que roubamos do sistema? Essa mesma crônica que me desnuda e desnuda muitos de nós que aprendemos a viver na hipocrisia será motivo de debate? Será que vão compartilhar no facebook, no orkut, no google? Será que vão curtir? Me pergunto se lerão com vontade de questionar-se, de refletir, se passarão adiante o texto pelo simples fato de serem meus amigos na rede ou porque ele de fato lhes tocou a alma? O virtual e o real se misturam numa mesma visão de mundo. Quem são os outros e quem somos nós? É possível responder? O que é virtual e o que é realidade? Quero continuar me questionando e tendo certezas transitórias... São elas que estão me ajudando a compreender esse Brasil que vai pouco a pouco se mostrando como sempre foi. Cabe uma última pergunta e tenho tantas... O que nos cabe fazer para mudar de fato?

domingo, 29 de setembro de 2013

UMA GUERRA POLÍTICA INVISÍVEL

Conversando com um amigo esses dias sobre a ação penal 470 e todas as injustiças cometidas contra os réus que estão sendo condenados nela, consegui ligar alguns pontos importantes sobre a história política atual do Brasil. Até 2002 o Brasil vinha rezando na cartilha do FMI, do Banco Mundial, dos EUA e nada era feito no sentido de mudar essa trajetória. A pedra no sapato do colonialismo mundial foi a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, levando o Partido dos Trabalhadores ao Governo. Não foi a toa que José Dirceu articulou a famosa "Carta aos Brasileiros" e que o PT se aliou a outros partidos tendo como vice-presidente o empresário José Alencar. Tudo isso foi feito para contrabalançar o ódio das elites. Sim, as elites desse país nunca aceitaram ceder de seus privilégios, quanto mais ser governadas por um trabalhador e muito menos que esse trabalhador fizesse mudanças significativas na vida e na cultura dos brasileiros. Uma cultura rançosa de preconceitos, discriminações e subalternidade colonial. Fazendo algum tipo de analogia, o que aconteceu nas eleições de 2002 equivalem a uma nova forma de lei áurea. Houve a formalização legal da libertação almejada pelo povo através das eleições, o Governo foi assumido pelo PT e pelos trabalhadores, mas, o sistema, há anos nas mãos do capitalismo coronelista mundial não quis ceder das vantagens que sempre tiveram do poder. E foi no meio disso que Lula teve que se mexer para buscar soluções no sentido de melhorar a vida do povo brasileiro e buscar a soberania do país. Diria que Lula agiu junto com outras lideranças provocando fissuras no sistema de forma a torná-lo mais permeável as mudanças que precisavam ser feitas. Seus dois mandatos foram responsáveis por provocar inúmeras transformações nas trajetórias econômica, social e política do país, mas, não foram eficazes no sentido de fortalecer uma mudança significativa no "status quo" e na cultura colonial vigente por 500 anos no Estado brasileiro. Ganhar o Governo não fez com que o PT ganhasse o Poder! De fato, muitos sapos tiveram que ser engolidos para que as transformações que ocorreram fossem efetivas. Eu vi isso acontecer de forma contundente na Petrobras. Uma empresa que vinha somente dando prejuízos passou a dar lucros estupendos. A guerra de poder dentro da Petrobras foi semelhante a guerra de poder no Governo Federal. É aí, no meio de uma guerra de bastidores, invisível à população, que iremos entender melhor como aconteceu a Ação Penal 470. Mais do que nunca vejo o quanto a denúncia de Roberto Jefferson, que a princípio parecia um simples ato de vingança, foi um ato inteligente de conspiração contra as transformações que estavam acontecendo e contra a principal liderança que estava coordenando isso. Uma fonte da embaixada norte-americana esses dias falou que José Dirceu era espionado pelos EUA e considerado homem perigoso para os interesses de Washington. Diante de tudo que conhecemos dessa ação penal, o desrespeito ao duplo grau de jurisdição, a falta de provas contra os réus, as inúmeras provas de inocência nos autos ignoradas, documentos que foram escondidos, o comprometimento da mídia com o linchamento dos réus do PT, o aliciamento dessa mesma mídia com políticos dos partidos que sempre estiveram no poder e o envolvimento de magistrados do STF com partidos de oposição e agora sabemos, também com os EUA, e conhecendo sobre a espionagem praticada a tanto tempo no Brasil, não há como não colocar na mesa a tese de que o que sempre esteve em jogo foi a desestabilização do Governo do PT para desestabilizar nossa soberania. Principalmente, depois da elite ter visto que o povo brasileiro ganhou auto-estima, que o Brasil estava melhorando apesar de todos os problemas no cenário mundial e que os mandatos dos governantes do PT iriam pipocar pelo país trazendo inovações em muitas áreas e mudanças culturais e sociais importantes. A necessidade de criar um fato bastante negativo para criminalizar o PT e desestabilizar de vez o Governo foi crucial para fazer com que vários avanços fossem detidos.  Acredito que num futuro bem próximo teremos provas documentais de que isso ocorreu. Vários militantes petistas caíram nessa onda e outros partidos de esquerda foram cooptados por seus interesses eleitorais e aproveitaram-se. O PT sobreviveu apesar das mentiras, invencionices, intrigas, ódios e fascismos de muitos contra políticos, militantes e contra o Governo de Dilma. E na linha de tudo isso, ouso colocar em debate, está o petróleo...

domingo, 15 de setembro de 2013

A MÍDIA E A AÇÃO PENAL 470 - MORTES EM VIDA

A morte de Gushiken na última sexta-feira, dia 13, me fez refletir sobre esse acontecimento. Sim, a morte é um acontecimento. Por mais que muitos tenham medo, dúvidas ou até uma certa obsessão em relação a esse tema, não há como deixar de pensar que ela é a única certeza que temos na vida. Há alguns anos passei a lidar mais diretamente com ela. Meu pai faleceu em outubro de 2010 e minha mãe em agosto do ano passado. Fui eu que tive que cuidar de todas as providências e isso me deu uma certa dureza para enfrentar o inevitável. Alguns anos antes convivi com o desespero de minha filha que deu a luz um menino que nasceu com apenas seis meses e morreu uma semana depois de nascido. Presenciar a cena de minha filha e meu genro chorando com aquele pequeno ser dentro de um caixãozinho foi uma dor imensa. Mas tudo se supera nessa vida. Queiramos ou não, a morte é a nossa companheira. Todos iremos morrer e disso não temos como escapar. Nosso corpo não dura para sempre e vai se degenerar em algum momento. Mas, há mortes e mortes... A morte física, essa é irremediável. Mas, temos as mortes em vida. Temos os assassinatos morais. É possível sim abreviar a vida de alguém imputando a essa pessoa sofrimentos morais e emocionais, tornando sua vida insuportável criando mentiras, intrigas, fofocas e terrorismos de toda ordem que irão limitando e minando sua capacidade de ação. Para mim essa é a mais criminosa forma de matar. Há uns 20 anos, quando morava em São Gonçalo no RJ, assisti de perto a história de um marceneiro muito bom e honesto que morava próximo ao bairro que morávamos. Pois bem, a foto desse marceneiro saiu no jornal como se fosse um bandido. Depois de algum tempo se verificou que o bandido era outra pessoa e não ele como tinham veiculado na imprensa. Nem nota de rodapé o jornal fez e a vida desse homem acabou. Perdeu a mulher e hostilizado pela comunidade em que morava teve que se mudar e nunca mais eu soube dele. Conheço empresas que abrigam executivos que desmantelam emocionalmente seus funcionários, praticando assédio moral de forma deliberada e conveniente com suas políticas de produção a qualquer custo. Acabam com a vida de pessoas no local de trabalho e denigrem suas imagens através de vários meios. Conheço comunidades onde integrantes corruptos da polícia matam sem pestanejar qualquer pessoa e usam a mídia para macular e denegrir o morto como bandido a fim de esconder sua insânia e seu crime e mostrar "produtividade" da polícia. E aí voltamos para a mídia, responsável pela destruição do meu colega marceneiro e de tantos por aí. Qual a intenção dos veículos de comunicação quando publicam alguma coisa? Melhorar a sociedade? Tornar a vida das pessoas melhores? Colaborar para um Brasil mais justo e menos desigual? Denunciar os malfeitos? Não!!! Os veículos de mídia querem preservar seus privilégios. Querem conservar seus milhões através da corrupção engendrada por seus parceiros políticos. Para a mídia tudo é permitido! Corrupção, sonegação, desinformação, manipulação, e vai por aí a fora... A mídia é hoje um câncer em nossa sociedade. Não há democracia possível com o poder que ela atingiu de manipular a opinião pública, destruindo pessoas e suas reputações por força de sua necessidade de atingir aqueles que considera seus inimigos ou na ânsia de ajudar seus amigos. Gushiken foi uma vítima que suportou até onde pode o linchamento a que foi submetido, assim como estão sendo linchados e achincalhados Pizzolato, Delúbio, Genoíno e José Dirceu. Não tiveram direito ao que a Constituição prevê: um julgamento isento e justo, que fosse analisado em todas as instâncias do Judiciário de forma a que os recursos e provas de inocência constantes do processo fossem levados em conta. Apenas quatro réus deveriam ter sido julgados pelo STF. Além disso, eles tiveram, assim como Gushiken seus nomes expostos cotidianamente na mídia como "mensaleiros", "ladrões", "corruptos", entre outros adjetivos que lhes foram outorgados e que grassam da boca de jornalistas sem escrúpulos e pessoas insensatas que não se preocupam em se informar corretamente, Mesmo antes do processo chegar aos tribunais, com todas as provas e evidências de inocência que foram demonstradas, os réus já tinham sido considerados culpados e o discurso da culpa já tinha sido assumido pelo STF, e mais, assumido pelo PGR que em conluio com alguns ministros ajudou a esconder provas e manipular documentos e processos relacionados. Quem conhece o processo a fundo sabe disso. Sabe que esse julgamento de exceção foi montado. Sabe que foi dado todo um tratamento diferenciado de modo a mascarar os erros e condenações injustas dando ao julgamento a aparência de algo isento, de forma a captar as vozes dos alienados que anseiam por sangue e punição, sem reflexão, seja a que preço for. A mídia que manda no mercado, envolvida até o pescoço em todas as situações relacionadas a patrocínio no processo, sequer é citada. E foi essa mesma mídia corporativa que matou Gushiken é que vem tentando matar de forma rasteira Pizzolato, Delúbio, Genoíno e José Dirceu. É ela que mata todos que de alguma forma lutam para que os privilégios colonialistas de 500 anos de Brasil acabem. É ela que mata todos que pertençam ou lutem ao lado do povo oprimido e excluído desse país. Seja qual for o resultado do julgamento da AP 470 no STF, essas pessoas já foram julgadas, condenadas e criminalizadas pela mídia. Só a história poderá dar-lhes justiça... Até lá, talvez, elas já tenham morrido de fato. A morte física não perdoa ninguém nem os injustiçados e nem quem os massacrou e puniu. Mas, a história cedo ou tarde chegará à verdade e irá contar os feitos detalhando as infâmias, mentiras e conspirações de hoje. Aí, com certeza, os verdadeiros heróis serão reconhecidos e ninguém mais poderá mentir sobre eles. Gushiken, Pizzolato, Delúbio, Genoíno e José Dirceu são inocentes dos crimes que lhes foram imputados. Não há mais nada o que dizer! Eles já foram assassinados, em vida!

domingo, 8 de setembro de 2013

INDEPENDÊNCIA, CRISE NO BRASIL E A BANDEIRA VERMELHA

Ao voltar de férias no mês de agosto, quando cheguei ao meu local de trabalho no sindicato, encontrei em minha mesa uma linda bandeira vermelha do PT. Uma bandeira antiga, com alguns sinais do tempo, mas, extremamente conservada, de cetim brilhoso. Perguntei a todo mundo quem havia deixado aquela bandeira ali e ninguém conseguiu me dizer como ela tinha ido parar ali. Eu queria ter uma bandeira grande e bonita do PT não é de hoje, mas, nunca consegui achar ninguém que pudesse me dar uma ou até mesmo comprar em algum lugar... Alguns companheiros do sindicato tentaram fazer algumas ilações sobre o fato da bandeira ter ido parar na minha mesa. Várias teorias. Todas elas, segundo eles, seria para me irritar ou intimidar. Achei muito engraçado. Depois de quase duas semanas de apuração achei o doador. Ele me deu a bandeira que um parente seu havia dado a ele, pois, sabia que eu iria gostar. Adorei! Terei agora uma bandeira para colocar na janela e encher o saco dos meus vizinhos reacionários na época das eleições. Legal! E ainda por cima fazê-la tremular em alguns lugares necessários em que ando indo. Pois é, estamos precisando de bandeiras vermelhas em alguns lugares. Em tempos como os atuais temos que lembrar as pessoas que o vermelho é a cor da paixão, da vida e da coragem. Todos que somos PT verdadeiramente temos orgulho dessa bandeira vermelha. Ela nos lembra que foi o nosso partido que virou a mesa das prioridades do Brasil e fez com que nesses tempos difíceis com a maior crise que o capitalismo já enfrentou na Europa e nos EUA nós pudéssemos ter emprego em alta, salários melhores, mais universidades, mais escolas técnicas, mais comida na mesa dos trabalhadores, mais gente tendo acesso a bens duráveis, mais gente tendo acesso à universidade, mais cuidado com nossos vizinhos e irmãos da América do Sul e da África, uma política externa que respeita as diferenças... Tanto temos para comemorar! Mas, também, infelizmente, muito a lamentar. Lamentar por ainda convivermos com médicos que só vêem seus interesses e seu bolso ao invés da medicina. Lamentar por ainda termos um judiciário cujos juízes se preocupam com seus cargos, sua reputação diante da mídia comprada e seu partidarismo, condenando inocentes para fazer valer seus interesses. Lamentar por não termos ainda uma legislação tributária justa e perceber que ela privilegia os ricos ajudando-os a pagar bem menos impostos que a classe trabalhadora. Lamentar por ver tanta gente preconceituosa e racista, matando e ferindo jovens, mulheres e crianças como se fossem somente objetos descartáveis. Lamentar por ter uma polícia bandida que tortura e mata como se estivéssemos ainda em tempos de exceção. Lamentar por não não termos uma reforma política que dê conta de todas as questões que alimentam a corrupção e prejudicam a nossa democracia tão jovem. Lamentar por continuarmos a sustentar corporações sonegadoras de impostos através de concessões públicas. São mais de 500 anos de dependência colonial e apenas 10 anos que estamos tentando mudar os caminhos. A luta é grande e estamos nela! É por isso que também lamento por existirem pessoas sem consciência que desrespeitam essa bandeira vermelha que simboliza todas as lutas que tivemos ao longo de tantos anos de ditadura, golpismo, entrega de nossas riquezas e corrupção. A desinformação e manipulação mantidas pela velha mídia em seus jornais e telejornais ainda grassam por aí. E muitos se baseiam ainda nisso e são incapazes de fazer uma crítica fundamentada, colocando argumentos e fatos na mesa e ajudando a construir novas alternativas. É mais fácil ser hipócrita, cínico, defender seu próprio umbigo, criticar para marcar território e ter poder para si. É mais simples bater, xingar, destruir... Realmente, temos uma grave crise acontecendo no Brasil. A crise da falta de vergonha e da falta de cidadania de alguns brasileiros que não querem de jeito nenhum reconhecer que esse país mudou para melhor. Temos uma crise de cultura, uma neurose intelectual que não consegue perceber a diferença entre o Brasil construído até 2003 e o que está sendo construído agora. Uma crise de identidade! É como se não quiséssemos sair da adolescência para a maturidade! É por isso que adorei ganhar essa bandeira vermelha e estou compartilhando com vocês essa minha alegria. O Brasil mudou e precisa mudar mais. Precisamos ter coragem de fazer essas mudanças, incluindo muitas pessoas nisso. A verdadeira independência de nosso país se dará quando a maioria dos cidadãos brasileiros estiverem participando da política, se inserindo em partidos, debatendo temas, oferecendo sugestões, lutando pela implementação de mais justiça e igualdade na sociedade. Sem participação política efetiva do povo as mudanças serão vagarosas e algumas vezes poderão até ser descontinuadas dentro do sistema em que estamos inseridos ainda. Peço então a todos que respeitem a minha bandeira vermelha, a bandeira vermelha de muitos companheiros e companheiras que vem lutando e participando dos problemas da sociedade há tempos! A força que ela tem não será manchada por nenhum ato de trogloditas políticos. Estamos na luta e vamos continuar nela!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PARA QUE SERVEM OS ANIVERSÁRIOS?

Todo ano quando está chegando o dia do meu aniversário sinto uma inquietação por dentro. Várias pessoas já me disseram que sofrem muito alguns dias antes de seu aniversário, e que essa inquietação que eu tenho advêm do fato de que o natalício é uma data onde nos lembramos que estamos nos distanciando da vida e nos aproximando da morte. Fiquei pensando nisso hoje. Será que essas pessoas tem razão? Então por que gostamos de fazer uma festa, porque temos o desejo de estar com aqueles que amamos, por que comemoramos essa data, gostamos de ganhar presentes e outras coisas mais? Não, hoje não vou falar sobre o capitalismo, até porque os aniversários não são as datas mais procuradas para o capitalismo investir, pelo menos não de forma explícita. Talvez algumas pessoas deem presentes por que acham que a educação assim o exige, e com isso fazem o sistema funcionar, mas, existem também aqueles que dão presentes por que amam aqueles que presenteiam e querem dar a eles um pedaço do seu amor em forma de um objeto qualquer. Lembro-me de minha mãe que dizia que os presentes eram muito importantes pois levavam impregnados neles nossas melhores energias e o nosso coração. Sinto que é assim! É por isso que gosto de presentear aqueles que amo sempre que posso. Mas, voltando a inquietação que sinto... Ao refletir sobre ela, tentando entender se havia algum medo ou receio da morte por trás dela, percebi que ao contrário, havia sim muita vida!  Um desejo incontido de me descobrir cada vez mais, de viver cada vez mais, de não esperar tanto para abraçar e beijar os que amo, de não me alongar tanto para dar minha companhia para quem precisa, de não perder tanto tempo com o passado e viver o presente intensamente, de não dar valor a registros destrutivos e lembranças aflitivas. Para que chorar se podemos rir, se podemos brincar com os problemas e torná-los nossos amigos e conselheiros? Eu disse que não ia falar do capitalismo, mas, nessas reflexões de aniversário consegui também analisar o papel das memórias em nossa formação e o quanto elas nos sabotam. Vejamos o nosso cérebro como um computador. O que recebemos nesse computador durante a vida? Sistemas maravilhosos que funcionam perfeitamente nos ajudando a fazer muitas coisas, mas, também fomos inoculados com muitos vírus que prejudicam nossa força, nosso potencial e nossa capacidade de viver a partir do que somos verdadeiramente. Nem todas as "lições" que aprendemos na vida nos fizeram bem ou foram funcionais para nós. Assim, nada melhor do que os aniversários para que possamos refletir, pensar e analisar o passado, purificando essas memórias para que elas  não controlem e nem prejudiquem nosso presente e nosso futuro. Ou seja, temos que passar um antivírus todo aniversário, para limpar nossa mente de sujeiras que poderiam nos dominar e sabotar nosso discernimento e nossa capacidade de nos conduzir para a felicidade. Assim, entendi de uma vez o que era essa inquietação que me absorvia em todo aniversário. É para isso que servem os aniversários... Para limparmos os vírus da dependência dos sistemas que nos convenceram a acreditar, deletar os registros que nos tornam infelizes e incapazes de assumir nosso eu autêntico. E o que isso tem a ver com o capitalismo? Tenho batido sempre nessa mesma tecla, não? E vocês acham que é implicância minha? Pensem então... E façam de seus aniversários uma festa! Reflitam e meditem sobre isso, mas, também vivam e amem muito! Nada é tão importante quanto o amor vivido e compartilhado! É ele que faz o mundo melhor!

domingo, 28 de julho de 2013

CONTEXTOS E FRAGILIDADES NAS RELAÇÕES HUMANAS NA PÓS-MODERNIDADE

Estou lendo Zygmunt Bauman e através dele me inspirei a escrever sobre a tênue e frágil forma de nos relacionarmos na pós-modernidade sob o abrigo das intervenções subliminares e subjetivas do sistema capitalista em nossas mentes e corações. De fato, se observarmos nossas relações nos dias de hoje veremos que elas se transformaram. Seria ótimo se essa transformação estivesse nos fazendo mais felizes e realizados, mas, o que se vê não é isso. O cenário é outro. Costumo dizer que a busca da individualidade não está separada do aprendizado da cidadania, do cuidado com os outros e a vivência com o coletivo. Essa separação é que faz com que muitos não consigam suportar a diversidade e tenham intolerância, preconceitos e dificuldade em aprender uns com os outros. Também acredito que é na relação uns com os outros que temos a oportunidade de aprender sobre nós mesmos. O que nos fere, o que nos torna melhores, o que nos estimula, tudo isso é perfeitamente visível para nós quando nos colocamos de frente para o outro. Mas, os estímulos e efeitos do sistema capitalista em nossa psique tem tirado isso de nós cada vez mais. Mais e mais pessoas tem se visto unicamente pelas redes sociais. O olho no olho, o cheiro, o toque, as conversas, abraços, cumprimentos, beijos, estão em desuso. O estilo shopping center de ser afetou as relações. Afinal, é muito mais fácil bloquear ou deletar alguém de uma rede social do que encarar os problemas e possíveis conflitos oriundos das diferenças entre as pessoas em uma relação. Ninguém mais quer se dar ao trabalho de construir relações duradouras, que mexam com seus sentimentos e estabeleçam vínculos e intimidade. Vivenciar os momentos, ter experiências aprofundadas, conversas mais íntimas faz parte de um tempo antigo que não tem referência com a pós-modernidade. Estamos num tempo de relações rápidas, casuais e sem compromisso. Relações são negócios, são formas de consumo, hierarquia de posições. Não é a toa que o termo negociação se aplica até ao casamento. Aliás, isso não mudou muito em relação ao passado. O que a liberdade sexual proporcionou às pessoas abriu novas oportunidades não para que houvesse maior intimidade e carinho entre casais ou pessoas amigas, mas, que as relações se transformassem de vez em relações de consumo. É o que é visto nos sites de relacionamento que oferecem “produtos”, homens e mulheres que procuram sua “alma gêmea”, “maridos ou esposas”, “relações sexuais sem vínculos” e até algum tipo de "amizade". A mesma expectativa que você tem em relação a um produto que quer consumir, você vai ter em relação a um amigo ou a uma pessoa que quer namorar, por exemplo. Quando a “qualidade” te decepcionar é mais fácil buscar “quantidade”. E a qualidade quando é procurada nunca é a experiência e o conhecimento que podem ser cultivados pouco a pouco no sentido de estabelecer formas de respeito, sinceridade, amizade e amor entre si. No caso da mulher, por exemplo, a qualidade é vista pelo tamanho da bunda ou dos seios, se é gorda ou magra, se fala muito ou pouco, se é elegante ou mal vestida, se sabe ou não economizar, se não é chata, se sabe fazer um bom sexo ou cozinhar bem, enfim... Já no homem, as expectativas de consumo se dão pelo carro que tem, pelo dinheiro que ganha, pela performance sexual que poderá ter com a parceira, se tem potencial para sustentar uma família, e vai por aí a fora... Os amigos serão amigos se satisfizerem os interesses que podem ser múltiplos, caso contrário poderão ser descartados. O mais engraçado de tudo isso é que todos de uma forma ou de outra buscam a felicidade em suas relações. Querem se relacionar bem, querem amar e ser amados, não conseguem perceber que vêem suas relações como um produto que querem comprar e que em algum momento podem jogar fora ou rejeitar por terem imperfeições. No fundo de seu eu não querem isso. Querem vivenciar com intensidade os momentos, viver as relações com profundidade, sentir amor e ternura, querem aprender com as experiências, mas, estão tão alienados na sofreguidão do modo consumista de ser que deixam o medo e a insegurança entrar em seus corações. Tem medo de vivenciar porque não querem sofrer, mas, sofrem muito mais por que não vivenciam e assim não conseguem aprender a se relacionar. É um círculo vicioso angustiante que acaba preservando e alimentando os preconceitos, a exploração, a intolerância, os ódios, as dificuldades das pessoas em aprender umas com as outras. É também responsável por uma sofrida solidão que acompanha muita gente. O capitalismo nos formou seres com fortes desejos de ter vínculos duradouros ao mesmo tempo que nos estimula a tornar esses laços frouxos, sem responsabilidade uns com os outros. Em nome de uma pretensa liberdade que nos é afirmada, mas, que não conseguimos atingir, porque não existe. Ah, sistema de vida triste e superficial. Até quando vamos alimentá-lo? Quando vamos nos libertar de seus grilhões e respirar o amor, a liberdade e o compromisso uns com os outros? Que esse texto sirva ao menos para despertar algumas reflexões sobre o assunto.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

QUERO UMA ANTROPOFAGIA À BRASILEIRA

O que vem a ser antropofagia? Segundo o Wikipédia, antropofagia é o ato de consumir uma parte, ou várias partes da totalidade de um ser humano. É isso mesmo que vocês estão pensando... Canibalismo! Como? Somos canibais? Que história é essa? Explico. Sem essa de pensar em comilança de carne humana. A antropofagia aqui está sendo usada como um conceito cultural, educacional e psicológico também. O capitalismo mundial está passando por sua pior crise. A Europa e EUA estão sofrendo com desemprego em massa, fome, pobreza, doenças e guerras. Toda essa miséria que vem solapando as populações desses países tem sido geradas pelas condições econômicas criadas por corporações capitalistas que capturam os governos para seus fins. O sistema capitalista é assim, totalmente predatório, antropofágico. Há alguns ingênuos que o defendem, naturalizando-o, dizendo que faz parte da vida ser assim. Que os fortes e mais inteligentes superam os fracos e menos dotados. Eu até poderia concordar se não soubesse pela vivência que tive ao longo dos meus 51 anos que todos são iguais quando nascem e ninguém é mais aquinhoado do que outro a não ser pelas oportunidades que tem na vida. Mas, o sistema capitalista não concede oportunidades a ninguém a não ser a ele mesmo. Dinheiro tem que gerar mais dinheiro e que se danem as pessoas. Aliás, faz muito tempo o capitalismo se apossou do cotidiano das pessoas e diz a elas como devem pensar, como devem comer, como devem morar e como devem sentir. A pretensa liberdade que as pessoas acham que tem é totalmente ilusória. O comando é dos capitalistas. Tem sido assim há muito tempo... Analisando o caso brasileiro temos problemas ainda maiores. Tudo no Brasil aconteceu de forma predatória. Nossa colonização se deu com o intuito de exploração de nossas riquezas e nossa força de trabalho. Foi assim que nos formamos. Fomos o último país a abolir a escravidão por lei. Nossas indústrias, nosso comércio e nossa economia sempre esteve a serviço da Europa e dos EUA. Dependentes e oprimidos. E assim aconteceu o processo civilizatório capitalista brasileiro, através de muita espoliação, degradação, violência e opressão. Como pensar democracia numa condição dessas? Como pensar a diversidade em mentes programadas para repelir e hierarquizar as etnias, o gênero, e as opções de vida? Por que tantos se assustam ao ver o fundamentalismo religioso grassando na nossa sociedade? Por que a indignação com a estrutura carcomida de muitas de nossas instituições? Por que a aflição de ver a nossa frágil democracia ser desmerecida e enxovalhada de todos os lados? Afinal que hipocrisia é essa que cobra dos outros e não vê a sua própria contradição? Quem é que corrompe e quem é corrompido? Todos nós estamos vivendo do que nos transformamos. Ainda não acordamos e não somos gigantes! Somos um povo jovem em ascensão tentando provar nossa capacidade de transformação. Tal qual adolescentes, temos necessidade de autoafirmação e assim, negamos o passado sem perceber que julgamos o presente a partir de parâmetros do próprio passado que está entranhado em nós. Se não prestarmos atenção isso poderá nos atrasar mais uma vez na construção de um futuro melhor. Crescer e amadurecer faz bem para a saúde! Precisamos disso! Reflexão é bem melhor que água benta e genuflexão! Conhecer nossa história e nossa cultura é mais saudável que reverberar o discurso da mídia e de tantos outros que sempre estiveram ao lado dos poderosos. Entender as instituições e suas mazelas é bem mais importante para poder muda-las. Os últimos dez anos nos deram essa oportunidade, mudando as prioridades do país e as condições de vida dos brasileiros. Vamos agir feito tolos imaturos e inconsequentes e botar tudo a perder? Que Oswald de Andrade nos ilumine e que possamos edificar uma nova antropofagia, inteiramente nossa, que nos guie e nos faça cortar os liames que ainda nos seguram na colonialidade e impedem a construção de um novo Brasil. Precisamos desesperadamente disso! Sob pena de nos perdermos de novo no caminho. Viva a democracia!

sábado, 13 de julho de 2013

AS RUAS, OS TRABALHADORES E AS FORÇAS OCULTAS

Há 500 anos temos o conservadorismo no poder. Somente em 1988 pudemos homologar uma Constituição Cidadã e há apenas dez anos mudamos a trajetória de nosso país do ponto de vista econômico e político, mas, ainda temos muito que aprender sobre nós mesmos, nossa história, nossas forças políticas, nossas lutas e como podemos seguir em frente de forma diferente, transformando a sociedade que vivemos numa sociedade melhor, mais digna, mais justa e igualitária. Luto por isso há muito tempo. Vi muitas crianças e adolescentes da periferia morrendo pelas mãos da polícia e de traficantes de drogas. Já vi muitos moradores das periferias terem suas casas invadidas por ambos os lados dessa guerra que não é de hoje mancha nosso país com sangue e lágrimas. Depois de atuar por 17 anos numa comunidade de periferia numa cidade esquecida pelo poder público como é São Gonçalo no RJ, transferi minhas energias para as lutas sindicais. Desde 2000 e lá vão 13 anos busco dar o melhor de mim junto com alguns companheiros para melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras que represento. Aprendi que as dificuldades são feitas para exercitar nossa capacidade de resolver problemas e assim vamos todos indo, lutando e buscando o melhor... Ao longo desses anos participei de várias marchas, passeatas e atos nas ruas do Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília e nunca vi acontecer o que aconteceu conosco nesse 11 de julho de 2013. Mês passado tive que fugir com alguns companheiros de um bando de covardes bombados que queriam impedir que participássemos com nossas blusas vermelhas e nossas bandeiras e faixas de uma passeata onde pensávamos era por direitos, democracia e liberdade. Vimos a duras penas que não era. As pessoas que quebraram nossas bandeiras e queriam nos agredir eram muitas e violentas. Não conseguimos entender sua agressividade a não ser como algo que foi organizado, mandado, dirigido para nós, nossas lutas e nosso desejo de transformação. Em 1964 era assim também, a discriminação contra os comunistas, "aqueles que comiam criancinhas" como muitos diziam. Me senti discriminada, alijada do meu direito de protestar e de fazer valer as lutas que há muito tempo lutamos de fato. Nesse último dia 11/07 foi pior. Estávamos felizes em participar de uma grande marcha dos trabalhadores e trabalhadoras convocada pelas Centrais Sindicais. Muitos dos trabalhadores de nossa categoria estavam presentes. Estive com alguns ao longo da passeata. Empunhávamos nossas faixas e bandeiras, conscientes de nosso papel e dos objetivos que nos uniam. Aquela era nossa passeata, pelos nossos direitos, pelas nossas lutas, pela nossa pauta! Foi quando fomos agredidos de duas formas. A primeira ao sermos cercados por pessoas vestidas de preto de máscaras que com coquetéis molotov e gestos obscenos nos agrediram e depois quando a polícia, sem se importar quem estava ali também, jogou bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e passou a atirar desmedidamente para cima, dispersando nossa passeata e assustando todos nós. Havia muita gente comigo. Não só homens como mulheres, jovens e idosos. Preocupada e sozinha no meio da confusão só conseguia pensar em como estavam cada um dos companheiros que participavam comigo daquela passeata. Nem sei como consegui sair dali para ir para outro lugar onde me disseram estaria mais calmo, mas, que no final, se transformou numa praça de guerra. Meus olhos vermelhos aos poucos foram melhorando, meu nariz e meus ouvidos também, mas, minha tristeza de ver que tínhamos sido atacados tanto pelos "ditos manifestantes" como pela polícia me deixou sem forças momentaneamente, e, parada onde estava, fui "salva" por três companheiros e ficamos todos reclusos no 18º andar do prédio onde nos abrigaram. Algumas horas depois me colocaram num ônibus e consegui vir para casa. A essa altura já tinha conseguido falar com todos que me preocupavam e mais tranquila passei a refletir. Quem são essas pessoas de preto que agem com a mesma violência que a polícia que dizem combater? Quem são essas pessoas com máscaras que não querem ser reconhecidas e tem medo de mostrar a cara? Que ódio é esse que não tem medida e trata trabalhadores e movimentos sociais da mesma forma que a polícia colonialista de sempre? Que forças políticas são essas? Forças políticas sim, reacionárias e violentas como seus atos grotescos demonstraram. Nós trabalhadores sempre lutamos contra muitas forças "ocultas" que tentam nos subjugar. Mais uma vez estão tentando... Que venham! Não vamos fugir da luta jamais!

domingo, 23 de junho de 2013

ELES SÃO MUITOS, MAS, NÃO PODEM VOAR! EDNARDO

(Por José Antonio Garcia Lima Membro da Executiva da CUT-RJ)

As manifestações que temos vivido não são democráticas. Podiam ter sido, mas não são! Descrevê-las como compostas de uma vanguarda pacifista, um miolo apartidário e uma retaguarda violenta, como se fossem atos distintos, que apenas convivem no espaço comum, é um exercício inútil de reparação de quem percebe que o monstro criado era mais feio do que supunha. Verdadeira caricatura, sejam lá quais forem os adjetivos utilizados para tintá-las: participativa, direta, contra-pontual etc. Até porque a criatura já não reconhece o criador e, na sanha destrutiva, também o ataca. Vida difícil... As mais diversas reivindicações, algumas notavelmente contraditórias, costuradas por umas poucas palavras de ordem, como “vem, vem, vem pra rua vem!” – pelo que a montadora automotiva, penhoradamente, agradece – e “o gigante acordou”, que propõe coisa alguma além do ajuntamento. Os pacifistas, da comissão de frente, em determinados momentos, e se necessário, impõe o pacifismo na porrada!   Os apartidários, do miolo, se revelam realmente anti-partidários e também professam seus princípios na porrada! A retaguarda – as redes de televisão e os meios de comunicação não desprezam, jamais, o implemento de audiência e vendas que os apreciadores do bizarro e do inaudito proporcionam – é exposta permanentemente no exercício da destruição apenas aparentemente gratuita. E tome porrada! O que unifica, então, as manifestações? A porrada!  Não há potência na porrada generalizada. O rastro de destruição e ódio não é constituinte! A Caixa de Pandora foi aberta! Um sentimento difuso parece alimentar o desejo do porradaria geral. Anos de mantra, ad nauseam repetido, de “tudo isso que aí está é muito ruim e resulta de corrupção” gerou, inicialmente, um desalento, que evoluiu para alguma depressão e, somado às frustrações cotidianas, eclode em revolta que se expressa na rejeição geral do institucional, do constituído, desde que não atinja a cada um, individualmente – a água já cobrindo o outro me leva a teorizar; quando bate na minha bunda, me faz buscar socorro! O que foi projetado e implementado como instrumento de desleal disputa de projeto político revelou-se veneno excessivo e descontrolado. Agora, quem pariu Mateus vai ter de, ao menos, ajudar a embalá-lo.  Mas como o capeta habita certos corações, não à toa, o vício leva às manifestações habituais. Já há festejadas advertências de que “se os mensaleiros forem poupados, o monstro sairá de casa”. A canalha, que o criou em boa medida, ao invés de pensar em domar o monstro, se pergunta como saciar a sua fome e sai na escolha dos joãobatistas que vão entrar com as cabeças. Como um Dom Joaquim, o Torquemada de sei lá onde e sua ridícula capinha de Batman, não se pense em estabelecer justiça, mas em alimentar a criatura com o que se imagine necessário. O ovo da serpente chocou? “O sujeito foi linchado porque era salgueirense! – Que absurdo! – Mas também era torcedor do América e, por isso, merecia ser linchado! – Ah, tá legal: que se foda, então, o motivo. Importa que tenha sido linchado”. Nas manifestações no Rio de Janeiro, a expressão do poder institucional, a ser banido, parece se concentrar no governador Cabral e no prefeito Paes. Então, “fora Cabral” e “fora Paes”. No que tange ao prefeito, por exemplo, não em decorrência de a política habitacional do município incluir as violentas remoções – odiosas! –, mas por ser parte “disso tudo que aí está!”. Se vai ser linchado, então que se foda o motivo do linchamento! A defesa da democracia vai obrigar os que se preocupam em preservá-la a buscar alianças com todos que o sejam. Possivelmente um ato que encontra alguns conservadores, no centro do espectro político. Levando, ainda mais, ao travamento de algumas possibilidades de avanços. Recuo tático para defender as trincheiras. Para quem achou que pudesse tirar uma casquinha nas ações do monstro buscando acelerar...  E porque não há democracia nas manifestações e, ao contrário, elas parecem encomendas para derrogá-la, esse vira o centro da disputa: na defesa da ordem democrática, primeiro, para que se garantam os direitos de todos, em seguida. Como já fizemos. Antes que chamem o general. Vida difícil...

domingo, 16 de junho de 2013

OS NOVOS BRASILEIROS QUE SONHAM

Darcy Ribeiro nos dizia do que somos feitos, nós, o povo brasileiro. Somos uma mistura cheia de nuances culturais e étnicas incrivelmente diversas. Essa diversidade é que favorece a alma brasileira, a riqueza extraordinária que envolve a subjetividade dos brasileiros, que os faz ser tão criativos e alegres. A cantilena ideológica dos poderosos sempre afirmou que éramos a esperança do mundo! Um país alegre, viçoso, com pessoas simpáticas e solidárias. O Brasil não tem guerras, diziam. Somos diferentes! Sim, tenho que concordar que somos diferentes. Não por conta de todo esse discurso vazio de pessoas que nunca viram o Brasil de fato e nunca viveram a vida da periferia das cidades, dos morros e dos campos. A ilusão de um Brasil fraterno pode até ter visitado os pensamentos de algumas gerações de brasileiros tal a massiva propaganda que sempre receberam da mídia. Mas, as contradições vividas em sua realidade estavam sempre caindo em seus colos e demonstrando o contrário. A colonialidade do poder presente desde sempre, ajustando a vida de todo mundo a um certo modelo de sociedade, que aos poucos vai se transformando sorrateira e maliciosamente a favor dos poderosos. A sociedade capitalista. Uma sociedade onde o dinheiro é fator preponderante e a mola mestra de todas as coisas. Se juntamos exploração, escravidão, roubo, violência, iremos ver o verdadeiro retrato do Brasil que se formou há 500 anos. Depois de anos de arbítrio e colonialismo presente na vida de todos, o que esperar? Os sonhos sempre sendo enterrados. A violência grassando. A realidade da vida mostrando que nada estava certo no discurso elitizado. Os anos 60 chegaram e com eles vários sonhos. Uma geração de jovens foram para as ruas. Na luta por um Brasil melhor descobriram que o colonialismo era mais forte e que o aparelhamento político/militar dos poderosos grandioso. E 1964 veio enterrando todos os sonhos, perseguindo e matando aqueles que queriam transformá-los em realidade. A força violenta do regime militar destroçou as esperanças com o slogan: "Esse é um país que vai prá frente!" Prá frente de batalha, com certeza. Muitos morreram e foram torturados para que a democracia surgisse e com ela a volta da liberdade. Liberdade? Qual liberdade? A capitalista, não podemos esquecer. Mas, os brasileiros continuaram a sonhar. A reconstrução de uma democracia capitalista nos anos 80 aconteceu aos poucos culminando em 1988 com a promulgação da Constituição Cidadã e a construção de um modelo representativo capaz de dar sustentação aos desejos e sonhos da sociedade. E mais uma vez os sonhos foram frustrados. FHC vendeu o patrimônio brasileiro por bagatelas e o Brasil totalmente dependente dos organismos econômicos mundiais, passava o pires em toda parte. A corrupção grassando solta em seu governo e o judiciário leniente com isso. Coube a Lula em 2003 fazer o que ninguém até então tinha feito. Tornou o Brasil independente dos organismos internacionais! Não teria como fazer isso sem uma mudança de perspectiva e de rumo no modelo até então em vigor. A clara escolha pelos mais pobres colocou-o em choque com os de sempre. A elite conservadora e colonialista que até hoje continua aparelhando o Estado brasileiro. Mas Lula fez outra coisa importante que a elite não percebeu de imediato, deu autoestima ao povo sofrido e fez com que voltassem a sonhar de novo. Os mais pobres começaram a se mirar nele e entenderam que também tinham direitos, que também podiam ter acesso a bens de consumo e que suas vidas poderiam mudar. No contato com o povo e com representantes dos movimentos sociais sempre dizia: "Cobrem o Governo! Vão para as ruas! Tem coisas que a gente só consegue fazer se a sociedade cobrar! O Governo não consegue fazer tudo!" Seria ingênuo acreditar que no modelo de democracia capitalista que vivemos, Lula tivesse como mudar o sistema político brasileiro dominado pelas elites colonialistas. Ele conseguiu mudar o rumo da economia e as prioridades do Governo tendo que fazer um certo "acordo" com essas elites. Lula apostou no povo e conseguiu mostrar as contradições e preconceitos de classe que existiam no Brasil desde sempre. O povo entendeu? Estamos começando a ver isso agora. Nos últimos dez anos melhorou substancialmente a economia e o acesso aos bens de consumo. O povo que vivia na miséria, começou a ter oportunidades através do bolsa família de se sustentar, de deixar os filhos estudarem, de qualificar-se para um emprego, de tornar-se pequeno produtor ou micro empresário. Os jovens começaram a ter mais acesso às universidades. A desigualdade diminuiu, mas, não acabou e as lutas de sempre persistiram. A população jovem se por um lado está atenta às oportunidades que passaram a ter nos últimos anos, estão pensando e refletindo mais sobre suas condições de vida. Valorizam o que foi conseguido até agora, não querem perder isso, mas, querem mais e estão atentos ao poder das corporações empresariais que agem de forma criminosa em nossa sociedade e sua atuação sobre os partidos e políticos. Se denominam apartidários, como se essa designação os fizesse neutros, preocupados em não se deixar contaminar. Como se neutralidade fosse possível. Contradições que foram exploradas ao longo do anos pela mídia corporativa e que venceu vários corações. A política e os políticos são uma droga! O discurso de polarização entre partidos não os convence. Esses jovens tem outra visão do poder. Uma visão horizontal que aposta no devir. Isso está sendo difícil de ser entendido por muitas lideranças carcomidas por suas certezas. Não enxergam que a formação política desses meninos e meninas foi feita dentro do capitalismo, com ferro e fogo. Esses jovens querem mais acesso a bens e serviços e não enxergam a militância nos partidos como algo que vai lhes trazer isso. Seus sonhos são outros! E que sonhos? O poder tem que ser claro, evidente, transparente, pragmático no sentido de garantir à sociedade o que ela necessita com agilidade. Em seus protestos estão a raiva contida por vários anos de indiferença e exclusão. Em suas manifestações declaram a indignação de viver num mundo onde as empresas e seus lucros exorbitantes tem mais poder que a sua cidadania. Sim, as inúmeras concessões que trabalham com os Governos maltratam com seus caros e maus serviços todos os dias os cidadãos brasileiros. O governos de esquerda, seus militantes entre eles eu me incluo, tem que ter olhos para observar, ouvidos para ouvir, sensibilidade para entender e braços para estender para essa geração de lutadores. São novos brasileiros que sonham! Vamos deixá-los frustrados, como fizeram conosco? Não podemos. Que os nossos sonhos possam voltar juntos com os deles e que juntos possamos continuar a construir a nossa história.

domingo, 9 de junho de 2013

PL 4330 - O GOLPE DA FLEXIBILIZAÇÃO

Tenho acompanhado as discussões travadas no Congresso relativa a PL 4330 do Deputado Sandro Mabel que flexibiliza a CLT e cria meios para que os empresários possam terceirizar serviços inclusive em áreas que são a finalidade do negócio da empresa. Há apenas 70 anos quando a Consolidação das Leis do Trabalho foi promulgada por Getúlio Vargas os trabalhadores não tinham qualquer direito e eram obrigados a trabalhar, sem remuneração condizente, por 12 ou até 16 horas. A história vem nos mostrando isso. A relação capital trabalho no Brasil, mais do que uma relação de classes, era uma relação colonialista. Os empresários que surgiram a partir da década de 30 quando o Brasil começou sua revolução industrial tinham mentalidade escravocrata. Tanto é que os avanços na proteção aos trabalhadores decorrentes da lei não aconteceram de imediato. Foi preciso muita luta e muito sangue derramado para que os empresários reconhecessem e passassem a respeitar a lei. Nada aconteceu da noite para o dia. A persistência e o engajamento dos trabalhadores em sindicatos, ainda que os mesmos fossem controlados pelo Governo de Vargas foi dando força à coletividade para exigir seus direitos. O Brasil foi um dos últimos países a acabar com a escravidão e a regular os direitos dos trabalhadores. Somente na Constituição de 1988, chamada de constituição cidadã e democrática, construída através da luta dos movimentos sociais e sindicais foi possível dar ênfase aos direitos humanos e trabalhistas e a CLT permaneceu sendo nosso código trabalhista, com algumas poucas mudanças introduzidas às leis promulgadas em 1943. Durante esse tempo, na Europa, Ásia e EUA através das promessas do neoliberalismo as garantias trabalhistas foram sendo flexibilizadas com a promessa de que dessa forma seriam criados mais empregos e o desemprego cairia totalmente. Os trabalhadores europeus e norte-americanos caíram nesse "canto da sereia" e os resultados disso são uma Europa e os EUA em crise com taxas de desemprego beirando os 30%. As  mais diferentes vozes afirmam que o modelo implantado só trouxe prejuízos e precariedade aos trabalhadores e que a condição de vida deles piorou consideravelmente nos últimos anos. Quem ganhou com isso? Os capitalistas! Principalmente banqueiros e indústrias corporativistas que vem expandindo de forma colonialista e exploratória seus tentáculos por todo o mundo. E por que o Brasil hoje é diferente? Por que no Brasil a taxa de desemprego caiu a um nível nunca visto antes (4,2%) em plena crise mundial? Além das mudanças econômicas e sociais realizadas nos últimos dez anos pelo Governo, as leis trabalhistas brasileiras foram mantidas em sua essência. Isso aconteceu graças à forte  representatividade das lideranças sindicais que lutaram e continuam lutando para que o modelo neoliberal não fosse implantado em nosso país. Não é a toa que grande parte dos empresários brasileiros e das multinacionais que atuam no Brasil são contra os sindicatos, tentam de todas as formas denegrir as entidades sindicais e seus militantes através de condutas anti-sindicais de vários tipos. Ainda pensam que estão no Brasil da casa grande e da senzala. E é nesse contexto que a PL 4330 tramita no Congresso. O que você acha que eles querem com esse projeto de lei? Com a diminuição dos recolhimentos sociais previstos nesse projeto quem irá ganhar? Somente os empresários que irão aumentar seus lucros e não necessariamente empregarão mais pessoas. Já vimos o filme acontecer na Europa e EUA e não gostamos dele. Além do que, o trabalhador brasileiro por conta dos anos de desinformação e limitação em sua formação política criada no período ditatorial tem tido posturas individualistas que o afastam do sindicato e da luta coletiva. As empresas tem se aproveitado disso para enfraquecer também as entidades sindicais e assim ficarem mais livres para impor suas condições sobre os trabalhadores que se ressentem, mas, sozinhos não conseguem resistir. Esse projeto de lei incentiva os contratos temporários que tiram a responsabilidade do empregador e permitem que quando a margem de lucro do mesmo cair ele possa reduzir o nº de empregados sem problemas e o trabalhador, inseguro, torna-se mais facilmente dominado. Querem trazer para o Brasil o que não deu certo lá fora. Essa é a lógica dominante. Não é de hoje que eles tentam fazer com que o trabalhador brasileiro não se veja como autor de sua história, e pertencente a uma classe. Querem referendar isso com esse projeto de lei. Uma outra coisa eles não dizem. A terceirização permitida pela lei é danosa não só aos trabalhadores. A sociedade como um todo fica prejudicada pela falta de comprometimento de  profissionais mal qualificados, mal pagos, sem motivação ou interesse em fazer o seu trabalho com qualidade e respeito aos cidadãos. É por essa e outras questões que não tenho espaço para discutir aqui que sou contra esse engodo que estão intitulando PL da Terceirização. Olho vivo nos deputados e senadores! Infelizmente 70% do Legislativo é composto de representantes de empresários e ruralistas. Temos que nos movimentar! Se essa PL vier a ser aprovada será um desastre para tudo aquilo que o Governo construiu até hoje e que vem desenvolvendo a nossa sociedade para melhor.

domingo, 19 de maio de 2013

A FACE POLÍTICA E POLICEALESCA DO STF

JUSTIÇA! Palavra tão cheia de significados... Tem tanta importância para a vida de todos nós!  Sua significância é tão grande que por conta dela se deu a organização de todo um aparato burocrático e institucional com a finalidade de fazer cumprir as leis: O Judiciário! E que aparato! Juizados de 1ª. 2ª e 3ª instâncias, milhares de cartórios, varas de tramitação e execução dos processos, milhares de advogados, promotores, procuradores, juízes, ministros... Ao longo de nossa história o país teve sete constituições promulgadas. Todas elas  davam conta de um judiciário dependente, autoritário e voltado para os interesses de quem dependiam. Com o advento da constituição de 1988, o judiciário brasileiro ganha independência do poder executivo, mas, seus membros continuam a ter um comportamento distante do povo, embasando suas atitudes em ideais anti-democráticos, corporativistas, de caráter vingativo, onde o carreirismo e o interesse pessoal ou de grupos tecnicistas está acima das necessidades da sociedade. Assim, não é difícil explicar como alguns magistrados que chegaram ao STF tiveram e vem tendo atitudes apartadas da ética e da isenção que deveriam  nortear a justiça. É fácil verificar as atitudes seletivas e arbitrárias do Procurador Geral da República e de membros do Ministério Público. Esses dias ouvi de uma pessoa que criticar o Supremo Tribunal Federal é como se tivéssemos jogando fora o último símbolo institucional que ainda funciona no país e isso poderia nos levar ao caos institucional. Caos??? Estamos num caos institucional. Há muito tempo que o STF funciona como uma veia política da elite e não funciona para fazer o que precisa fazer. O número de processos esperando julgamento é estarrecedor. A verdade é que alguns desses ministros do STF estão pouco se lixando para as necessidades da sociedade. Querem aparecer, ser famosos, importantes, inatingíveis, querem ter empregados, casas grandes e bonitas, salários polpudos e poder. Muito poder! Nem Lula nem Dilma foram responsáveis pelos absurdos que estão ocorrendo, quando os indicaram para o cargo de ministros. Os currículos e as entrevistas não são capazes de revelar o que está dentro de cada um e a formação colonialista/capitalista que todos nós tivemos faz mais efeitos em uns do que em outros. O poder e o dinheiro transformam as pessoas. É verdade! Muitos capitulam sob seus efeitos! Não há como deixar de criticar sim o STF. Não é concebível que um magistrado que ocupa a maior corte do país e que um procurador federal escondam provas, mascarem documentos e selecionem pessoas que queiram ou não atingir e condenar em um processo da relevância da AP 470 (apelidada pela velha mídia de "mensalão"), em conluio. Isso é crime! Crime contra a Constituição e contra a sociedade democrática. Crime contra pessoas inocentes que estão sendo prejudicadas, achincalhadas, espezinhadas,  que viraram "bode expiatório" para que o teatro encenado por eles ganhe ares de verdade. Não é concebível que magistrados do STF ajam autoritariamente, julguem de maneira subordinada aos interesses de uma mídia corporativista, que tem lado e partido político. Não é aceitável que essa mesma corte invada as responsabilidades de outros poderes da república, rasgando a Constituição que juraram respeitar. Que há algo de muito podre acontecendo nos bastidores do STF, com certeza podemos afirmar. A adoção de uma face política e policialesca faz com que a justiça seja uma forma de punir e controlar os inimigos de seus interesses. Isso é golpe sim! Temos que criticar e denunciar isso! Sem medo de estar sendo levianos. Sem medo de colocar uma instituição desse nível em perigo. Não somos nós que colocamos o STF em evidência! Foi o próprio STF que mostrou-se em toda a sua sordidez. Se no STF e na PGR agem assim, o que dizer de outras instâncias? A sociedade brasileira não pode ser vítima do sistema judiciário que paga com seus impostos. Eles tem que estar a serviço da Justiça e do povo. Cabe a nós denunciar sim seus deslizes, seus erros, sua inércia, sua ineficiência, sua seletividade, sua desonestidade. Queremos uma Justiça de direito e de fato, para todos! Com respeito devido à nossa Constituição!  

domingo, 12 de maio de 2013

GUERREIRAS DA PAZ NO MUNDO!

Fui mãe pela primeira vez em 1982. Naquela época eu morava numa casa no bairro de Cidade Gebara no município de Itaboraí, casa essa que ajudei a construir juntando tijolos e fazendo emboço. Serviço pesado que alguns diriam que não seria meu. Mas, naquele tempo não tinha dinheiro para contratar um pedreiro e o trabalho tinha que ser feito por nós mesmos. Parceria e companheirismo não dá para ser pela metade. Esse é o meu jeito de ser. E lá estava eu... A casa não tinha luz elétrica e nem água encanada. A região era pobre. Tínhamos água de poço. Plantávamos quiabo, feijão, aipim e batata doce. Tínhamos horta também. Lembro de subir numa bicicleta  com uma barriga enorme, para ir ao supermercado comprar arroz, açúcar, café, coisas que não podíamos plantar... Lembro-me que meu filho veio uma semana antes do que pensávamos. Isso atrapalhou os planos de tê-lo num local mais seguro e na presença de pessoas amigas. Entrei dando a luz num hospital desconhecido, com pessoas desconhecidas, num atendimento tão precário que se não tivesse gritado e gritado muito, tirando a paciência de algumas enfermeiras e médicos do hospital, meu filho poderia ter morrido. Mas, não morreu. Está lindo e forte e fará esse ano, 30 anos. E por que conto essa passagem de minha vida? Para creditar a todas as mulheres que são mães uma homenagem de mãe. Só nós, mulheres, temos condições de saber o quanto é incrível ter esse poder, essa garra, essa raça para viver e orientar outras vidas. A vida nos apresenta muitas oportunidades de aprendizado e nós, mulheres, mães, guerreiras do cotidiano, agarramos todas elas com muita força e as vezes até com sofreguidão, pois, para muitas de nós, as oportunidades são tão fugidias que quando elas acontecem temos que ser rápidas e competentes. Quantas mães ainda sofrem pela falta de oportunidades que têm de dar a seus filhos o melhor! Quantas mães também sofrem por não ter conseguido oferecer a melhor educação! Quantas choram nesse momento por terem seus filhos mortos numa guerra sem fim e sem sentido! Quantas sofrem por ver seus filhos mortos ou encarcerados, por terem estado no lugar errado, na hora errada, ou por terem lutado por uma causa em seus países, em suas comunidades!  E aquelas que sabem que seus filhos erraram, cometendo crimes e passam por mil percalços para visitar seus amados nas prisões e penitenciárias, o quanto eu as admiro... Mensageiras do amor, levam para seus filhos a paz e a confiança para que enfrentem com coragem a hostilidade do mundo provisório que escolheram viver, ainda que a sociedade as discrimine! Outras mães, que carregam em seus braços filhos especiais, que ganharam essa nomenclatura graças a elas. Seus filhos são verdadeiramente especiais e não retardados como muitos ainda na sociedade teimam em afirmar. Outras mães, sofrem as doenças de seus filhos, tantas vezes incuráveis, sem desistir nunca de cuidar deles. Quem sou eu diante de tantos exemplos que vi durante minha vida. Tive quatro filhos gerados na minha barriga. Tive alguns que não foram gerados, mas, pude também acalentá-los de alguma forma, enquanto durou o projeto social onde lutei junto com tantas mães durante 19 anos. Alguns deles, nunca mais vi. Outros, as vezes, me acham pelas redes sociais e me deixam mensagens. Quando isso acontece é reconfortante. O que sempre desejei a todos eles foi que agarrassem com força todas as oportunidades e que fossem homens e mulheres de fibra. Esses dias um deles me deixou uma mensagem emocionante. Mães sempre se regozijam com o progresso dos filhos, tenham eles a idade que tenham... Ser mãe nunca foi fácil! Também não é fácil ser mulher, trabalhar, estudar, lutar por um mundo melhor! Mas, quem disse que nós gostamos de facilidades? Fazemos tudo isso e um pouco mais. Queremos que o mundo mude! Queremos que a sociedade mude! Somos mulheres! Somos mães! Somos guerreiras da paz no mundo! E assim, vamos vivendo...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

QUE ADULTOS QUEREMOS PARA O BRASIL?

No último final de semana estava só em casa. Sai para almoçar e fui ao shopping. Queria ver gente! Queria escutar as conversas e talvez, ir ao cinema. Depois de olhar os filmes e verificar que não havia algum que me agradasse ver, fui para a praça da alimentação. Almocei! Comprei amendoim e me sentei num banco para apreciar o alvoroço de pessoas encantadas com as possibilidades de consumir. Idosos, adultos, jovens e crianças... A diversão se transformou em "andar no shopping", "comer no shopping", "comprar no shopping". Pessoas passando de um lado e de outro. Um burburinho só. Comecei a prestar atenção aos brinquedos instalados no térreo. Tinha roda gigante e muitas outras coisas. Um pequeno parque de diversões divertia a garotada. No meio das várias crianças, de repente entraram três meninos lindos e alvissareiros. Corriam, pulavam, riam alto e criaram um alvoroço entre os pais das crianças. A reação de todos, pasmem, de quase todos foi um olhar de reprovação para os meninos com o gesto imediato das mulheres de prender suas bolsas junto a seu corpo. O medo e o horror se instalou em suas faces. Os três meninos sem notar os olhares raivosos para si continuaram sua aventura no meio das outras crianças, entre os brinquedos, rindo e gritando. Quase escutei as mentes daqueles adultos preconceituosos e cheios de ranço colonialista dizer: "Que meninos são esses, estranhos, bagunceiros, sem modos! Será que vão me assaltar?" A comoção tomou conta de mim! Que sociedade é essa que não se vê como produtora de preconceitos e injustiça? Que sociedade é essa que não se enxerga como reprodutora da própria violência que tem horror? Aqueles meninos deixaram claro para mim como pensa essa parcela da sociedade que se vê como superior e merecedora de privilégios. Não que eu não soubesse disso! Não que eu já não tivesse tido outros exemplos disso! Mas, ver os rostos contrariados de homens e mulheres que como pais e mães deveriam dar exemplos de humanidade a seus filhos, e ao contrário demonstravam cegueira total diante de crianças que queriam apenas brincar... Será que preciso dizer que esses meninos eram negros? Ou vocês já adivinharam? Seus familiares acompanhavam de longe a correria e as brincadeiras dos meninos. Teriam reparado na reação dos outros adultos? Não percebi nada. Mas, quando uma das mães de uma menina vestida igual a uma princesa, com vestido rodado balonê, que tinha acabado de sair da roda gigante, de forma impetuosa e arriscada esbarrou em um dos meninos, não teve jeito... Sua atitude mostrou a ferocidade de seu pensamento. Sem pedir desculpas, agarrou a filha e apesar dos prantos da garotinha pelo fato de estar sendo afastada dos brinquedos, a mãe levou-a embora. Uma mulher que parecia ser a mãe dos meninos baixou o olhar e a cabeça. Teria ela reparado assim como eu reparei no gesto daquela mulher? Minhas reflexões foram se expandindo e fiquei triste e amuada. O que os adultos fazem com suas crianças! Desde cedo lhes ensinam o preconceito, o medo, a discriminação, a violência... Em tempos como os atuais, não me admira que uma parcela da sociedade queira culpar as crianças por sua incompetência em protegê-las e educá-las. A defesa da maioridade penal feita por adultos que se consideram privilegiados e portanto, detentores de maiores direitos que o restante, em detrimento da maior parcela da população que até 2003 era totalmente esquecida é de uma perversidade total. São vários os tipos de violência a que as crianças são submetidas. Desde violência física até essa última forma de violência que eu relatei. Uma sociedade que não se pensa, não se reflete e não se recria é uma sociedade que está morrendo e se matando e ainda não se deu conta. Não acredito nisso! Apesar desses exemplos de crueldade social, acredito que estamos fazendo fermentar algo que sempre esteve potente em nosso povo, sua dignidade e humanidade. Hoje é dia do trabalhador e da trabalhadora no mundo todo! Aqui no Brasil alguns números forjados na luta pela igualdade econômica nos ajudam a comemorar. Segundo o IBGE, nos últimos 10 anos, o salário mínimo subiu 70% de 2003 a 2013. Era US$ 72,07 e hoje é US$ 338,00. Os empregados com carteira assinada, 39,7% em 2003, passaram a 49,2%. A parcela dos sem carteira diminuiu de 15,5% para 10,6%. O nº de mulheres com carteira assinada subiu de 37,7% para 41,3%, os negros ou pardos aumentaram de 41% para 46,1%. São números estimulantes! As estatísticas econômicas são encorajadoras! Mas, a cultura colonial de exploração, violação de direitos, violência e ódio social continuam fortes. "Que Brasil queremos deixar para nossas crianças?" Já ouvi e vi escrita essa pergunta tantas vezes, em tantos lugares... Ao invés disso, nós deveríamos nos perguntar. "Que adultos queremos deixar para o nosso Brasil?" Depende do nosso repensar, de nossa maturidade em assumir nossas limitações e nosso desejo de dar certo! Um Brasil mais confiante, mais justo, mais forte, mais humano e mais solidário só vai acontecer quando nós adultos tivermos consciência de nossa responsabilidade. As crianças desse país não merecem muitas das decisões que são tomadas pelo Governo, pelo Judiciário e por seus responsáveis legais. Mas, elas são crianças! Como podem se defender? Somos todos nós que temos que defendê-las. Para isso precisamos amadurecer. Maturidade social é que precisamos e o que nossas crianças desejam... Chega de irresponsabilidade! Se queremos melhores adultos no futuro temos que crescer rápido, agora! O discurso da maioridade penal é uma infantilidade social.