sábado, 23 de março de 2013

COMUNICAÇÃO, CONTROLE SOCIAL E SINDICALISMO 1

Muito se tem falado sobre a mídia. Eu, exponho aqui e em outros sites de relacionamento minhas críticas aos seus interesses corporativos para manter seus privilégios e enriquecimento. Todavia, são poucos que falam sobre a invasão subjetiva nas mentes e corações que o sistema capitalista de comunicações provoca. Há muito venho observando como a desumanização é incentivada por eles, os donos dos sistemas de comunicação, nos jornais, nas revistas, na TV com várias "atrações" feitas para incentivar formas de pensar, formas de agir, o que vestir, o que falar, o que sentir... Enfim, uma formação cultural baseada numa sociedade capitalista de consumo. A sociedade da generalização. A sociedade do espetáculo! A sociedade da ilusão! A sociedade onde o contato com a experiência e a vivência são negligenciadas pelo que se vê na tela da TV e nas variadas mídias. A sociedade do pensamento único! A coisa é tão sutil que muitos companheiros e companheiras que conheço e que sei que são pessoas dignas lutando por um país melhor, muitas vezes tem atitudes que descambam para a acomodação nessa "matrix cultural". Só para exemplificar vejam isso. Recebi há duas semanas de dois trabalhadores associados do nosso sindicato, e-mails de cobrança que representam bem essa cultura capitalista e colonialista disseminada em nosso cotidiano. Em ambos, observo palavras escritas em um tom imperativo, grosseiro, arrogante e imperialista. O que somos nós, diretores do sindicato para muitos trabalhadores e trabalhadoras? Como representantes deles, nos transformamos em objetos de seu uso. Ou nos transformam em santos ou em demônios... Como se humanos não fôssemos, como se problemas não tivéssemos, como se não fizéssemos mais parte da mesma classe que eles. Sim, estamos no sindicato por fazer parte da classe trabalhadora, para junto com eles pensar estratégias e táticas para melhorar a sociedade e as relações de trabalho. Estamos no sindicato para atuar políticamente a favor da classe trabalhadora. É para isso que, através dos acordos coletivos, conquistamos nossa liberação do trabalho nas empresas que somos empregados. A lei nos faculta imunidade para isso. Quantas vezes acordamos cedo e dormimos tarde fazendo assembléias, reuniões, encontros, movimentos, plenárias, audiências, entre outras atividades diárias. Quantas vezes esquecemos de pagar uma conta, deixamos de ir em compromissos familiares, abandonamos atividades de lazer, por conta dessa opção de estar no sindicato e trabalhar politicamente. Quantos sábados e domingos perdemos por conta disso? Quantas vezes a insônia nos visita por causa de algum problema advindo da luta política e sindical que queremos resolver e não conseguimos relaxar sem encontrar a solução? Muitos trabalhadores não vivem o que vivemos e nos julgam como patrões colonialistas e cruéis. Alguns nos chamam de bandidos, outros que nos locupletamos no sindicato, também já ouvi de alguns que somos vagabundos... Enfim, toda sorte de "adjetivos" que se somam às variadas solicitações feitas de forma muitas vezes leviana e agressiva. Ou seja, para eles, antes do respeito, da participação e presença ativa no sindicato, jogam nas costas dos dirigentes suas frustrações, suas responsabilidades e uma desconfiança constante. Desconfiança essa estimulada pela mídia todos os dias. Desconfiança de quem não vivencia a luta e observa de longe, sem conhecer seus meandros e dificuldades. É claro que não podemos esquecer que existem sindicatos e sindicalistas e alguns desses colaboram para que a mídia faça seu trabalho político-ideológico de manter os trabalhadores e trabalhadoras ausentes do sindicato e longe do debate e da reflexão. Sindicatos que se formaram numa cultura corporativista, e que ajudam a estruturar subjetivamente nos trabalhadores de seu ramo econômico esses sentimentos de não pertencimento à sua classe. Assim, vejo que nos cabe uma profunda reflexão sobre esse assunto. Se as trabalhadoras e trabalhadores se distanciam do sindicato como o sindicato também se distancia deles? Como trazê-los para perto de nós para vivenciarmos juntos a luta política? Como desconstruir a hegemonia do consumismo, do individualismo, da generalização e do pensamento único pregados pela mídia em nosso cotidiano? Isso é assunto vasto e polêmico que merece uma discussão mais aprofundada em nossa próxima postagem.

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